Cada alma é uma música toca

A vida, enquanto se desenrola, se mostra como um “pout-pourri”: almas que se ligam e fazem tocar uma melodia nova em uma fascinante harmonia. No entanto existem as exceções. Ainda existem almas que se ligam e se desligam, transformando o pequeno “pout-pourri” da alma em uma música solo.

Meu nome é Felipe, tenho 20 anos e esse é o relato do meu pequeno “pout-pourri”. Um tanto quanto confuso, mas necessário de ser transcrito.

Todos os dias e todas as noites até o dia 17 de março, havia em mim uma ânsia de viver algo que eu não saberia explicar o quê. Sobrevivendo a este sentimento, vivia minha vida como qualquer outra pessoa: tinha uma família, uma casa pra morar, um carro para passear, uma escola e amigos. Frequentava festas, bailes, boates, bares, teatros e cinemas como qualquer outro adolescente da minha idade. Eu costumava a colocar a minha música para tocar e ia em busca de realizações, fossem elas quais eram. No dia de 17 de março, coloquei minha música em um volume alto para tocar e fui às ruas para mais um passeio. Era contagiante, cheirava a Ramones tocando. Era a liberdade encorporada em mim. Haviam cores intensas em todos os lugares para o qual eu olhava e haviam pessoas, pessoas, pessoas e havia ela.

Neste mesmo dia numérico, porém a noite, encontrei ela que acabara de ligar a sua alma na minha. Eu, minha vida, minha alma, não era apenas mais uma música solo. Era um “pout-pourri” extremamente viciante e frenético. E assim a vida seguiu. Hora minha música tocava em harmonia com outra, hora tocava sozinha. Eu, apesar de viver as coisas que vivia, não era apenas mais um adolescente. Eu era um adolescente que amava. Verdadeiramente. Como nunca havia amado alguém. Meu “pout-pourri” estava completo! Duas músicas em plena harmonia tocavam.

8 meses, 7 dias, 4 minutos e 27 segundos após esse prende e solta na qual a minha vida se baseou, estou aqui eu afirmando:

"Amar dói. Amar cura. Amar é se doar. Amar é desejar ver a pessoa amada feliz, seja lá como for ou com quem for. Amar é crescer em si mesmo."

Minha música se tornou solo novamente. Provavelmente, um solo trabalhado, difícil de ser executado e quase impossível de ser carregado. Mas entendi, que esse prende e solta da vida está presente em todas as coisas. Querer ser harmonia quando apenas dá para ser solo é impossível. Não vale harmonia pela metade. Não vale solo pela metade. Ou se é Dó ou se é Mi!

Aprendi. E continuo tocando, solo, meu pequeno “pout-pourri”.

Daniel Calderone
Enviado por Daniel Calderone em 23/12/2013
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