O Recurso do Fracassado

Ambição...

Desejo desmedido por riqueza, glória e poder.

Eis que aqui temos uma variante,

O fato de algo ser desmedido depende totalmente de quem vê de fora,

E pouco ou nada de quem vê de dentro.

Há coisas que simplesmente não podem ser medidas,

Ou que podem ser medidas de forma diferente.

Novamente temos uma variante,

“pouco” para mim pode ser “muito” para você.

Para quem não tem ambições o meu “pouco” é sempre “demais”.

Se o desejo do homem é algo de valor,

o desejo do homem que ambiciona é a riqueza.

Se o desejo do homem é ser notado,

O desejo do homem ambicioso é a glória.

Se o que o homem deseja é ter controle

O meu desejo é o poder.

Há quem diga que a ambição é o ultimo recurso de quem já fracassou,

Mas só há fracasso quando há vitória.

E para que eu vença alguém tem que perder. E vai perder.

Dizem que só se cobiça quando não se pode ter o que quer.

Dizem que não se pode ter tudo o que quer,

Quem disse tal coisa? Quem disse que eu não posso ter o que quero?

Eu quero tudo o que se pode ter, e tenho tudo o que se pode querer.

Só quem não tinha nada e depois teve tudo sabe do que eu falo.

Quanto mais se tem, mais se quer.

Quanto mais eu tenho mais eu quero.

Alguns perguntam ser ambicioso é um elogio ou um insulto?

Eu considero um elogio para quem é e consegue tudo,

E um insulto para quem não logra nada.

Esse é o código que eu sempre levei para a vida.

Do primeiro posto que ocupei ao primeiro trono em que me sentei.

Desde a primeira moeda que ganhei a primeira fortuna que acumulei.

Do primeiro beijo a primeira mulher com quem me deitei.

Da primeira conquista a ultima prova de liberdade.

Dizem que estou preso pelo que sou,

Que estou louco pelo que fiz.

Muito do que sou é tudo o que muitos já foram,

Tudo o que fiz é tudo o que muitos já fizeram.

Então, se estou preso pelo que sou e louco pelo que fiz,

Não deveriam lhes privar da liberdade que despojam

E interná-los pelos mesmos motivos?

Se perdi a razão, vocês também não perderam a lucidez?

Ora ora, se não voltamos às variantes!

O louco é sempre o outro e nunca si mesmo?

A ambição não era a válvula de escape de quem sentiu o peso de um fracasso?

A ambição não era o desejo de poder, riqueza e glória?

Por que então os que me criticam querem ver minha ruína?

Não são eles tão obstinados quanto eu?

Lívia Helena Rodrigues
Enviado por Lívia Helena Rodrigues em 23/10/2013
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