Discurso de Roberto Gonçalves, a seu irmão
Coronel Capelão da Aeronáutica José Cesário Gonçalves.
Coronel Capelão da Aeronáutica José Cesário Gonçalves.
(A Capela Nossa Senhora de Loreto foi inaugurada no dia 03/07/1972, e construída por iniciativa do então Capitão-Capelão José Cesáario Gonçalves, na Base Aérea de Belo Horizonte-MG, Pampulha. Dom João de Rezende Costa, Arcebispo Metropolitano, transmitiu a Benção Apostólica outorgada especialmente por Sua Santidade o Papa Paulo VI, que ofertou um cálice de ouro e prata. Participação de altas autoridades militares, cívis, regiliosas, e a participação do Madrigal Renascentista e Orquestra de Cordas da PMMG - Projeto: Fernando Pimentel. Construção: Abdala Fábio Couri. Paisagismo: Vilela César. Escultor: Ion Damasceno)
Estou aqui hoje, para homenagear dois seres humanos. Suas vidas, idas e vindas na estrada do tempo. Nesse momento sublime, delicado e nobre, estou diante do altar de Deus e no rcoração da Pátria, em continência. Estou com os joelhos dobrados e o coração acelerado de emoção.
A benção de Deus é a presença de diferentes pessoas em nossa vida, como pai e mãe e, em alguns casos, madrasta ou padrasto que nos querem bem e nós a eles.
"Se tens uma madrasta e com ela tua mãe, poderás testemunhar a primeira o teu respeito; irás, porém, constantemente ao encontro de tua mãe (Marco Aurélio, filósofo)
A vida,,, Ah, a vida! A vida é uma brincadeira que se brinca sem brincar. A vida nunca é pequena, pequeno é o nosso altar.
Estou aqui, hoje, guardando em meu coração cada palavra, cada gesto, cada puxão de orelha, recebidos no lar cristão de Mozart e Ana. Ana, uma página de vida tão luminosa como ela mema: a Ana, doce e bíblica.
Mulheres, disse o poeta, mulheres são tecelãs. Tecem sonhos com fios iágrimas... Mulheres tecem vidas em suas barrigas com esperanças e alegrias infantis. Mulheres são feiticeiras. Inventam magias e encantamentos, e atraem e cativam com um simples olhar. Mulheres são meninas. Acreditam em principes encantados e finais felizes. Mulheres são guerreiras. Enfrentam a luta com galhardia e não esmorecem mesmo quando cansadas. Mulheres são sábias. Trazem em si todas a sabedoria do mundo, ao repartir com os filhos o pão, o carinho, e o próprio tempo. Mulheres são especiais. Mulheres são seres próximos de Deus. Mulheres são anjos. Mulheres são mães. A mais perfeita tradução do mistério da Eternidade da alma.
Estou aqui, hoje, portanto, acariciando os seus 107 anos, os 107 anos de vida de Ana Freire Gonçaves, de "pássaro a flor – sofrendo, mas viva, sedutora, árvore ereta que deu bons frutos e não se verga".
Uma civilização é feita de seres humanos Uma civilização só vive enquanto seus componentes estão dispostos a lutar por ela. O filósofo descobre os ideais da humanidade e os torna discerníveis; impede o seu encobrimento, comunica-os na sua verdade. É-lhe intolerante a repressão, que oculta a verdade, e a mentira que a falsifica.
Estou aqui, hoje, para sorrir e chorar; chorar e sorrir se preciso for, diante da esfinge impenetrável, labor paciente de milhares de homens, muda, imóvel, que deixou impressa naquele ar seco, a esperança de eternidade.e o desejo de um estado político sólido e firme. A esfinge é uma imagem mitológica, criada no Egito Antigo, com o corpo de leão e a cabeça de ser humano – geralmente de um faraó. Para os egípcios antigos a imgem de uma esfinge significava poder e sabedoria. Serviam, no imaginário, como protetoras das pirâmides e templos.
Certa vez minha mãe me pediu que a ensinasse, que a introduzisse no ritual das Forças Armadas.Dobrar os joelhos – ela sabia – bastava olhar para eles, e neles ver as feridas provocadas por constantes orações. Mas ela queria mais, queria viver com cada filho seus sorrisos e lágrimas, suas caminhadas. Lágrima de mãe é água benta. Ela queria participar da noite escura, da qual fala São João da Cruz, Ela queria, em continência, amar a farda que seu filho ostentava com indisfarçável orgulho.
Quando fui recebido pelo Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, em audiência, disse a ele: "O morto amado, querido Cardeal, o morto amado morre todos os dias", Ele, ent ão, me disse: "Filho, a angústia não faz parte do amor".
As flores que ornam este ambiente e a alegria que se vê no rosto e no coração de cada um de nós indicam que hoje é dia de festa. Festa é reunião alegre, conjunto de cerimônias que celebra qualquer acontecimento; solenidade, comemoração. E agora nós estamos festejando, estamos solenizando no altar do Senhor a ânsia de liberdade. Nossa alma pede eternidade junto ao Pai.
A Pátria não é somente um território limitado geograficamente. Além do território, que o corpo material, a Pátria compreende também e, antes de tudo, uma alma invivisível, formada de lembranças, de sentimentos e vontades iguais. O território é importante, sem dúvida, mas o que nos permite dizer que há uma Pátria Brasileira, é a existêncica em nosso País, de um grupo humano que tem as mesmas recordações do passado histórico. Que é animada do mesmo sentimento de afeição por esta terra. Que tem a mesma vontade de viver junto e, também, de um conjunto forçdo pelo solo nacional e pela comunhão de sentimentos e pensamento do povo que herdou esse território, que nele vive e trabalha. A Pátria é para cada um de nós, a união de todos.
Ah... Meu querido Zé! Você soube, como ninguém, viver as virtudes teologais: fé, esperança e caridade, acrescentando, a cada uma delas, a luz e a cor de sua generosa existência humana. "Ninguém, ninguém é cristão por aprender teorias ou por cumprir regulamentos! Somos cristãos porque encontramos o Portador da Graça e, convertidos, passamos a pertencer, como dizia Charles Péguy, o grande escritor francês, a "uma raça espiritual e carnal, temporal e eterna, a um certo sangue".
O ditado popular, mineiro, nos adverte a não elogiar o burro antes do atoleiro. Você, Zé, atravessou o atoleiro existencial, o atoleiro existencial de sua vida, com determinação e coragem. Você viveu com serenidade o matrimônio da batina com a farda. Você teve sangue de aventureiro, a irreverência fina de um filósofo e o desprendimento de um poeta. Você, Zé, foi conviva assíduo da mesa de Santo Tomaz de Aquino, Santo Agostinho, São Francisco de Assis. Ah, Zé, o Zé diante do qual eu me ajoelhava e dele recebia a benção sacerdotal. Ah... Meu querido padre, que trocava a batina pela farda, a farda pela batina. Ah... Meu querido coronel Gonçalves, quanta saudade de seu olhar amoroso, de suas mãos sacerdotais, mãos tenras, honradas de sua infância – mãos que sabiam trabalhar, rezar e brincar. Saudade de seu carinho, de nossas intermináveios interloculoções humanas, existênciais, filosóficas. Nada, ou quase nada, hoje, no mundo, me assusta. Nesta Capela, a sua inteligência emocionou corações com mensagens poéticas, de rara beleza literária. De criança a monge beneditino (Ordem de São Bento) com o nome de Dom Miguel Ânglelo Maria Gonçalves, de monge beneditino a padre diocesano, de padre a coronel, de coronel capelão à vida eterna. Posso, dizer, com Louis Lavelle, que toda duração é espiritual, e não material, pois a duração só conserva o que ela espiritualiza. Eu o acompanhei em tudo e em tudo estive de joelhos e de pé diante de você. Chorei com suas lágrimas e sorri com seus sorrisos. Você foi o meu confidente, meu herói.
"A expressão de um sentimento não é a exposição de uma verdade fundamental... Como uma lágrima, como um sorriso, não é mais que um reflexo do que se passa em nosso íntimo". Se isso, essa simples saudade, equivale a acreditar em alguma coisa, então ainda acredito em alguma coisa. Neste mundo, nada é pequeno nem grande a não ser por comparação.
Nesta Capela, você celebrou o meu casamento. Nesta Capela, você batizou meus três filhos. Este lugar é um pedacinho de Deus que você deixou como marcca visível de sua abençoada vida.
Estou me sentindo, hoje, querido Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, estou, aqui e agora, na "Palma da mão de Deus".
Seja, querido irmão, padre José, nosso intercessor diante de Deus. Até... Até um dia!
Amém, amém, amém!
Amem, amém, amém!
Roberto Gonçalves
A benção de Deus é a presença de diferentes pessoas em nossa vida, como pai e mãe e, em alguns casos, madrasta ou padrasto que nos querem bem e nós a eles.
"Se tens uma madrasta e com ela tua mãe, poderás testemunhar a primeira o teu respeito; irás, porém, constantemente ao encontro de tua mãe (Marco Aurélio, filósofo)
A vida,,, Ah, a vida! A vida é uma brincadeira que se brinca sem brincar. A vida nunca é pequena, pequeno é o nosso altar.
Estou aqui, hoje, guardando em meu coração cada palavra, cada gesto, cada puxão de orelha, recebidos no lar cristão de Mozart e Ana. Ana, uma página de vida tão luminosa como ela mema: a Ana, doce e bíblica.
Mulheres, disse o poeta, mulheres são tecelãs. Tecem sonhos com fios iágrimas... Mulheres tecem vidas em suas barrigas com esperanças e alegrias infantis. Mulheres são feiticeiras. Inventam magias e encantamentos, e atraem e cativam com um simples olhar. Mulheres são meninas. Acreditam em principes encantados e finais felizes. Mulheres são guerreiras. Enfrentam a luta com galhardia e não esmorecem mesmo quando cansadas. Mulheres são sábias. Trazem em si todas a sabedoria do mundo, ao repartir com os filhos o pão, o carinho, e o próprio tempo. Mulheres são especiais. Mulheres são seres próximos de Deus. Mulheres são anjos. Mulheres são mães. A mais perfeita tradução do mistério da Eternidade da alma.
Estou aqui, hoje, portanto, acariciando os seus 107 anos, os 107 anos de vida de Ana Freire Gonçaves, de "pássaro a flor – sofrendo, mas viva, sedutora, árvore ereta que deu bons frutos e não se verga".
Uma civilização é feita de seres humanos Uma civilização só vive enquanto seus componentes estão dispostos a lutar por ela. O filósofo descobre os ideais da humanidade e os torna discerníveis; impede o seu encobrimento, comunica-os na sua verdade. É-lhe intolerante a repressão, que oculta a verdade, e a mentira que a falsifica.
Estou aqui, hoje, para sorrir e chorar; chorar e sorrir se preciso for, diante da esfinge impenetrável, labor paciente de milhares de homens, muda, imóvel, que deixou impressa naquele ar seco, a esperança de eternidade.e o desejo de um estado político sólido e firme. A esfinge é uma imagem mitológica, criada no Egito Antigo, com o corpo de leão e a cabeça de ser humano – geralmente de um faraó. Para os egípcios antigos a imgem de uma esfinge significava poder e sabedoria. Serviam, no imaginário, como protetoras das pirâmides e templos.
Certa vez minha mãe me pediu que a ensinasse, que a introduzisse no ritual das Forças Armadas.Dobrar os joelhos – ela sabia – bastava olhar para eles, e neles ver as feridas provocadas por constantes orações. Mas ela queria mais, queria viver com cada filho seus sorrisos e lágrimas, suas caminhadas. Lágrima de mãe é água benta. Ela queria participar da noite escura, da qual fala São João da Cruz, Ela queria, em continência, amar a farda que seu filho ostentava com indisfarçável orgulho.
Quando fui recebido pelo Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, em audiência, disse a ele: "O morto amado, querido Cardeal, o morto amado morre todos os dias", Ele, ent ão, me disse: "Filho, a angústia não faz parte do amor".
As flores que ornam este ambiente e a alegria que se vê no rosto e no coração de cada um de nós indicam que hoje é dia de festa. Festa é reunião alegre, conjunto de cerimônias que celebra qualquer acontecimento; solenidade, comemoração. E agora nós estamos festejando, estamos solenizando no altar do Senhor a ânsia de liberdade. Nossa alma pede eternidade junto ao Pai.
A Pátria não é somente um território limitado geograficamente. Além do território, que o corpo material, a Pátria compreende também e, antes de tudo, uma alma invivisível, formada de lembranças, de sentimentos e vontades iguais. O território é importante, sem dúvida, mas o que nos permite dizer que há uma Pátria Brasileira, é a existêncica em nosso País, de um grupo humano que tem as mesmas recordações do passado histórico. Que é animada do mesmo sentimento de afeição por esta terra. Que tem a mesma vontade de viver junto e, também, de um conjunto forçdo pelo solo nacional e pela comunhão de sentimentos e pensamento do povo que herdou esse território, que nele vive e trabalha. A Pátria é para cada um de nós, a união de todos.
Ah... Meu querido Zé! Você soube, como ninguém, viver as virtudes teologais: fé, esperança e caridade, acrescentando, a cada uma delas, a luz e a cor de sua generosa existência humana. "Ninguém, ninguém é cristão por aprender teorias ou por cumprir regulamentos! Somos cristãos porque encontramos o Portador da Graça e, convertidos, passamos a pertencer, como dizia Charles Péguy, o grande escritor francês, a "uma raça espiritual e carnal, temporal e eterna, a um certo sangue".
O ditado popular, mineiro, nos adverte a não elogiar o burro antes do atoleiro. Você, Zé, atravessou o atoleiro existencial, o atoleiro existencial de sua vida, com determinação e coragem. Você viveu com serenidade o matrimônio da batina com a farda. Você teve sangue de aventureiro, a irreverência fina de um filósofo e o desprendimento de um poeta. Você, Zé, foi conviva assíduo da mesa de Santo Tomaz de Aquino, Santo Agostinho, São Francisco de Assis. Ah, Zé, o Zé diante do qual eu me ajoelhava e dele recebia a benção sacerdotal. Ah... Meu querido padre, que trocava a batina pela farda, a farda pela batina. Ah... Meu querido coronel Gonçalves, quanta saudade de seu olhar amoroso, de suas mãos sacerdotais, mãos tenras, honradas de sua infância – mãos que sabiam trabalhar, rezar e brincar. Saudade de seu carinho, de nossas intermináveios interloculoções humanas, existênciais, filosóficas. Nada, ou quase nada, hoje, no mundo, me assusta. Nesta Capela, a sua inteligência emocionou corações com mensagens poéticas, de rara beleza literária. De criança a monge beneditino (Ordem de São Bento) com o nome de Dom Miguel Ânglelo Maria Gonçalves, de monge beneditino a padre diocesano, de padre a coronel, de coronel capelão à vida eterna. Posso, dizer, com Louis Lavelle, que toda duração é espiritual, e não material, pois a duração só conserva o que ela espiritualiza. Eu o acompanhei em tudo e em tudo estive de joelhos e de pé diante de você. Chorei com suas lágrimas e sorri com seus sorrisos. Você foi o meu confidente, meu herói.
"A expressão de um sentimento não é a exposição de uma verdade fundamental... Como uma lágrima, como um sorriso, não é mais que um reflexo do que se passa em nosso íntimo". Se isso, essa simples saudade, equivale a acreditar em alguma coisa, então ainda acredito em alguma coisa. Neste mundo, nada é pequeno nem grande a não ser por comparação.
Nesta Capela, você celebrou o meu casamento. Nesta Capela, você batizou meus três filhos. Este lugar é um pedacinho de Deus que você deixou como marcca visível de sua abençoada vida.
Estou me sentindo, hoje, querido Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, estou, aqui e agora, na "Palma da mão de Deus".
Seja, querido irmão, padre José, nosso intercessor diante de Deus. Até... Até um dia!
Amém, amém, amém!
Amem, amém, amém!
Roberto Gonçalves
Escritor