Carregadores de defuntos.
Carregadores de defuntos
Jorge Linhaça
Existem pessoas que não se dão conta de que passam grande parte de suas vidas na igreja, carregando, dentro de si, um defunto que faz com que seu crescimento espiritual seja pouco mais do que ilusório. Pior do que isso, tal defunto impede que outras pessoas tenham sucesso em seu desenvolvimento espiritual, pois é necessário, muitas vezes um trabalho conjunto para que se obtenha sucesso no crescimento de uma organização, classe, unidade ou projeto.
É preciso que tomemos consciência de que, apesar da capacidade individual de algumas pessoas em serem instrumentos nas mãos de Deus para a realização de milagres, que nada mais são que a capacidade de evocar os poderes dos céus, outras tantas vezes, esses esforços são frustrados pela falta de fé real das pessoas envolvidas.
O defunto a que me refiro é justamente a fé, pois a fé sem obras é morta.
Embora o conceito do que seja a fé seja compreendido por muitas pessoas, poucos são os que compreendem a fé como um princípio de poder.
A fé e a dúvida não podem coexistir no coração das pessoas.
Não adianta torcer para que os missionários tenham sucesso em seu trabalho de encontrar os eleitos de Deus e ao mesmo tempo permitir que nossa mente se volte para as dificuldades que imaginamos existir em nossa região para que as pessoas se interessem pela igreja.
Cada vez que imaginamos algo do tipo: vou apresentar fulano aos missionários, mas acho muito difícil que ele aceite o evangelho, sabotamos não apenas as nossas expectativas como o trabalho dos missionários.
Quando um missionário chega a uma unidade onde escasseiam os batismos já faz algum tempo e deixa-se levar pelas eternas desculpas de que “a maioria das pessoas aqui não se casa” ou “as pessoas aqui já possuem sua própria religião” ou “estou aqui apenas para ensinar as pessoas e se elas não se batizarem eu já fiz a minha parte”, ele deixa escapar a oportunidade de tornar-se como Alma ou Amon.
É preciso que tanto os missionários como os membros, aprendam a quebrar esses paradigmas e entendam que Deus não chama ninguém para falhar.
O trabalho dos missionários é batizar, o dos membros é apoiar a obra missionária e reter os recém conversos, exercendo uma fé viva e incondicional de que Deus suprirá nossas deficiências.
Faz muito tempo que não vejo missionários ou professores usarem a promessa do Espirito Santo ao iniciar suas palestras ou aulas. Talvez nunca tenham visto alguém agir dessa maneira e, portanto, acreditem que isso é exclusividade de autoridades gerais ou pessoas de grande poder espiritual. Na verdade, não são as pessoas que possuem tal poder, somos apenas instrumentos para canalizar o poder de Deus. É nosso direito e também nossa responsabilidade evocar os poderes do céu em nossas atividades, somos representantes de Cristo e , investidos desse poder de representa-lo, precisamos deixar de lado a nossa timidez ou insegurança em declarar as promessas de Deus para seus filhos.
A fé sem obras é morta, assim como as obras sem fé não passam de ações automáticas e pouco proveitosas.
A fé, para ser efetiva no que se refere a organizações e trabalhos coletivos tem que ser também coletiva pois a descrença de um pode anular a fé de outro, é como uma equação matemática onde +1-1=0
Claro que conseguir uma sinergia que envolva um grande número de pessoas não é uma tarefa de curto prazo, mas, existe uma estratégia simples para que isso vá se concretizando aos poucos. E tudo depende de uma única pessoa que aprenda a exercer sua fé efetivamente e se cerque de um pequeno grupo de pessoas dispostas a aprender a exercitá-la. A partir daí a progressão passa a ser geométrica, pois, os resultados positivos contagiam e fazem o que parecia longe do alcance dos “membros comuns” tornarem-se coisa rotineira.
Não existe nenhuma escritura que diga que o irmão José ou a irmã Maria não possam ter o mesmo sucesso que Amon, Amuleque, Alma, Pedro ou Paulo.
Pelo contrário, as escrituras estão aí para nos mostrar que tudo é possível àquele que crê.
E aí? Vamos continuar a carregar defuntos?
Salvador, 3 de agosto de 2013.