Sobre o fim da literatura e o descaso dos "grandes escritores"
As pessoas odeiam ler, isso é uma realidade. É claro que essa afirmação não pode ser lida de maneira generalizada, pois existem muitos leitores ávidos por ai. Mas, mesmo essa frase, tão tendenciosa e exagerada, esconde uma verdade cruel e inevitável: vivemos em um mundo onde cada vez menos as pessoas se interessam por literatura. E, mesmo que a generalização não seja a melhor forma de criticar o martírio por que passam os escritores independentes brasileiros, talvez esteja na hora de encararmos essa questão com certo radicalismo. É certo que toda forma de radicalizar o problema, seja ele qual for, não é correta. Mas, se deixarmos as coisas como estão, em breve viveremos em uma sociedade que tratará os livros como peças de museus e os leitores como lendas urbanas. Os escritores consagrados, autores de best-sellers e demais literatos que se deliciam com o bolo inteiro, sem deixar sequer uma migalha para os escritores independentes, não se importam com tal previsão apocalíptica, pois acreditam que seus textos e livros estarão sempre bem guardados nas gavetas sem trancas da história. Porém, vale a pena lembrar-lhes que o cadeado da ignorância já teve muitos nomes, como inquisição, ditadura, censura, entre outros mais, e que, mesmo em um mundo como o nosso, onde o conhecimento navega livre pela rede mundial de computadores, sempre é possível que alguém crie um novo nome para a estupidez humana. Um nome, inclusive, que nem os afamados escritores, considerados deuses literários, vão conseguir decifrar a tempo.