Brasil, manifestações, corrupção, e o voto certo.

Hoje, com os movimentos que estão ocorrendo em todo o país, a corrupção é um dos principais assuntos em pauta. Como sabemos, a corrupção é hoje uma realidade nos cargos governamentais do Brasil. A questão que se discute é: qual seria o método mais eficaz para tentarmos acabar com essa roubalheira?

Nas ruas, em manifestações, praças, escolas, rodas de conversa, ouvi muito o discurso errôneo que atribui o fim desse verdadeiro circo político em que vivemos ao ato de “votar corretamente”.

Em cidades do interior, onde ainda ocorre muito o chamado “Coronelismo”, é realmente importante que a população faça uma mudança do poder, evitando deixar os cargos muito parados nas mãos de certas famílias de renome que dominam os cargos públicos à anos, como um verdadeiro monopólio. Mas chega a ser ingênuo de nossa parte acreditar que mudando de candidato ou de partido algo realmente vá acontecer.

A verdade é que o dinheiro, o poder, até mesmo a oportunidade, corrompem à qualquer homem. A realidade é que todo ser humano é corruptível. Eu, o candidato x, o candidato y, o partido da paz amor e compaixão, o pastor, o papa, e você. Sim, você, caro leitor. Você é passivo de corrupção.

Ao afirmar isso, muitas vezes fui bombardeada de pessoas ao meu redor alegando de peito estufado: “NINGUÉM ME CORROMPE! EU SOU HONESTO! EU TENHO CARÁTER!”

Bom, é claro que essa afirmação mexe também com o meu próprio ego. E justamente por isso encontrei a resposta.

Hoje, eu, neste exato momento, luto pelas causas que considero justas. Eu, hoje, nesta situação, neste exato momento, poderia morrer pra acabar com qualquer corrupção e não gostaria de ter ao meu lado quem o faz. (E não quero aqui parecer defensora de ladrão de colarinho branco, muito pelo contrário. Se há hoje algo pelo qual sinto mais desprezo, é isso.) Mas tenho a consciência de que, como humano, o que mais faço é mudar. Eu não sou o que eu era ontem, e muito menos o que vou ser amanhã. Eu não sei se eu ontem aprovaria minhas escolhas hoje, e muito menos se eu hoje iria gostar de minhas escolhas amanhã. Quem eu fui? Quem eu sou? Quem eu vou ser? Mutável. De acordo com a situação, de acordo com os acontecimentos, de acordo com reações decorrentes de inúmeros fatores.

Ontem, em uma rodinha de praça, me ocorreu a seguinte conversa.

“-Se o senhor fosse um político agora, neste exato instante, desviaria dinheiro?

E o senhor me respondeu:

- Eu em toda minha vida nunca roubei, sempre fui roubado. É algo que eu nunca faria.

- Ok. Agora imagine a pessoa que você mais ama nesse mundo. Seja sua mãe, sua filha, qualquer pessoa... Essa pessoa está morrendo e precisa de uma cirurgia urgente. É uma cirurgia muito cara, e você não tem como pagar, nem ela. Não há nenhuma possibilidade de conseguir esse dinheiro. Você está ciente de que existe um dinheiro circulando no seu ambiente de trabalho e já há esquemas de pessoas que desviam facilmente esse dinheiro, e elas te ofereceram para entrar junto. E então, você deixa com que a pessoa amada morra, ou você fica com o dinheiro?

- Mas ai é um caso diferente... Eu pegaria o dinheiro, se soubesse que não iria prejudicar muita gente e tentaria repor isso mais tarde.

- Ahá! É claro que nenhum desses palhaços que ficam atrás da mesa roubando o povo tem uma mãe no hospital, muito menos uma “boa causa” pra estarem fazendo o que estão fazendo. Mas se eu, uma mera estudante, em 10 minutos consegui corromper o senhor, ou melhor, convencê-lo a cometer um ato de infração, imagine o que um sistema já todo corrompido, já todo acostumado com essa ladroeira, não faz com o mais bem intencionado político?”

Por tanto, meu querido leitor... Você, eu, e o mais verdadeiro dos messias iluminados podemos ser corrompidos. Com poder, dinheiro, e um sistema político já todo arruinado, nenhum político vai fazer milagre. Você pode votar no candidato numero 1823, no 9219, em mim, e no Zé ninguém que você quiser e isso tudo ainda vai continuar. Não precisamos de caras novas pra nos roubar, precisamos de uma nação que não aceite ser roubada. Ou mudamos a nossa postura em relação a eles, ou você na próxima eleição só vai mudar o rosto do ladrão que vai te roubar dessa vez.

Existem povos sem estado, mas não existem estados sem povo. Eles precisam da gente pra existir. Eles são reflexo do que nós deixamos eles serem. Você é mais estado do que o estado, eles só não fazem questão de te lembrar disso.

Eai, vai mais uma piada sobre o jeitinho (burro) do brasileiro?

“O homem é lobo do homem.”- Thomas Hobbes

Pamella R
Enviado por Pamella R em 12/07/2013
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