Um mundo sem você.

As vezes quando a saudade vem, sento-me em um banco munido de um cigarro e um punhado de lágrimas, e redesenho todas as imperfeições que fizemos juntos.

Gosto de detalhar cada erro e cada defeito que construímos, cada uma das atitudes negativas que angariávamos.

Faço isso pois por muito tempo eu tentei manter as boas, e nenhuma delas quis ficar. Gosto de pensar que elas estavam acostumadas com o seu espírito doce e gentil e portanto não aguentavam essa aura negra que sobrevoa minha alma. Por mais incrível que pareça, pensar assim me faz bem pois me faz acreditar que um dia eu já fui alguém bom; alguém razoável.

É claro que você nunca acreditou nisso. Á todas as custas, você pegava no meu pé pra me fazer acreditar que eu era uma pessoa boa e que eu teria um destino maravilhoso ao seu lado. Isso ainda me traz um sorriso ao rosto, tanto pelo otimismo quanto pela ingenuidade. Eu e você sabíamos melhor que qualquer um que meu destino era mais baixo que o seu.

Hoje em dia, mesmo depois de tanto tempo, continuo encontrando você em meus sonhos - lugar este onde re-vivemos diariamente tudo aquilo que um dia era o que nos fazia viver. Eu não posso dizer que ainda recordo de seu rosto. Ele vem cada noite diferente, mas em todas elas seu sorriso ainda está presente. Me segurei nele em todas as vezes que eu pensei em chorar até desistir, ou em todas as que eu desisti até chorar. Ele me marcou, assim como você.

Mas seu sorriso...

Hoje você faz todos chorarem. Olho para frente e quando consigo ver algo, vejo fileiras e fileiras de pessoas soluçando e chorando por sua causa.

Reparo que algumas pessoas já não o fazem mais, talvez porque se acostumaram com tudo isso. Reparo que outras ainda estão para começar.

E quanto a mim? Bem, eu espero poder te ver todos os dias em meus sonhos. Porque sei que agora é impossível te acompanhar para qualquer lugar que você tenha ido, querida.

Se você ainda pode me ouvir, saiba que existe um lugar pior que o inferno:

Um mundo sem você.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 29/05/2013
Reeditado em 31/05/2013
Código do texto: T4314561
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