Mortais
Somos reles mortais. Podemos morrer a qualquer momento. E, a nossa maior preocupação, não passa de estudar para trabalhar e, então, ganhar algum dinheiro fazendo algo que não tem sentido para nós. Schopenhauer e seu pêndulo acertaram em cheio: acabamos saindo do sofrimento (não ter estudo, trabalho e remuneração) para o tédio (gastar a maior parte do nosso tempo aplicando o que estudamos em um trabalho que não amamos, torrando o nosso dinheiro em coisas que não precisamos).
Isso não é viver. Viver não é conhecer e também não é enriquecer. Muitos, muitos MESMO(!), morrerão sem ao menos terem vivido. Não terão histórias para compartilhar com os netos, não terão conhecido seus limites, seus medos e seus prazeres na totalidade. Nunca saberão o que é viver intensamente, sentindo o prazer absoluto em cada minuto, em cada respiração... Nunca esperarão ansiosamente pelo cair da noite em um domingo, por uma manhã de segunda-feira, pelo mês seguinte, pelo ano seguinte... Nunca terão a perspectiva de que, tudo que vai acontecer no futuro, por mais impossível que possa parecer, será ainda melhor do que os momentos fantásticos que já estão sendo vivenciados no presente.
Portanto, o meu maior medo não é o escuro, não é uma doença, não é um animal ou uma pessoa, nem mesmo empobrecer ou enriquecer demais e despertar inveja, morrer lentamente ou subitamente... Não! Nenhum desses. Meu maior medo, como simples mortal que sou, é partir sem deixar uma marca de que eu estive aqui.
É morrer sem viver.