A FERIDA NA ALMA

A minha alma chora e meu coração sangra.

A Vida não me esperou.

Por mais que eu tentava alcançá-la, não conseguia.

Meu esforço era em vão, por isso minha alma triste está.

Os anos me enganaram; prometeram-me realização...

prometeram-me amor, compaixão.

Como fui tolo de não perceber a mentira que a Vida contava!

Agora me ergo em desespero e antecipo a colheita dos meus frutos;

A maior parte se encontra morta, e me sacio com o pouco que não se perdeu.

O madurar não foi generoso!

Converso com o Tempo, porém ele só me julga;

Disse-me que eu não soube esperá-lo;

Mas que espera é essa? Onde a vida foge e o tempo se atrasa.

Mais se parece com uma reunião de desorientados!

Não há conselhos, não há redenção, não há membros;

É uma reunião de um só!

Por isso meu corpo grita em desespero.

Promovo mais plantações, más plantações; não sei onde plantar!

Desconheço a natureza dos meus frutos, não conheço o resultado dos meus atos.

Se há planejamento, a Vida me engana novamente;

Ela conspira com o Tempo, conspiram contra mim!

Torna-se uma batalha de um contra o Mundo; contra a Vida; contra o Tempo.

Não há aliados. O Passado se abstém, e o Presente não “toma” partido.

O Futuro é traiçoeiro, não se pode confiar nele!

Por isso meu coração sangra e a minha alma chora.

Preciso correr mais, tentar mais, fazer mais.

Preciso de alternativas; de me desculpar com a Vida...

de fazer o Tempo entender minhas expectativas;

Pois se eu tiver esses dois como aliados, o Futuro se curvará diante de mim.