Considerações sobre a volta de Renan Calheiros à Presidência do Senado
Em meio às tentativas de mudança do status qüo vigente, o PDT fez a sua parte na tentativa de restauração, ainda que na ordem democrático-burguesa, do papel do Senado, com a candidatura de Pedro Taques (PDT-MT), com o apoio de parlamentares de esquerda e de direita imbuídos nesta agenda comum: a da independência e do resgate da função original do Senado.
Entretanto, a eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) à Presidência do Senado pela 2ª vez reflete na prática as debilidades de um Senado vulnerável, como reflexo da sociedade brasileira - entre as suas debilidades, práticas patrimonialistas e de corrupção.
A ética, sem dúvida, é a obrigação de todos. Entretanto, embora a maioria se utilize deste discurso, o modus operandi na prática é bem diferente. As nossas práticas farisaicas e corruptas, desde o "furar a fila" ou enganar na hora do troco, passando pela anuência das práticas de politicagem dos BBB's e "A fazenda", na breve "espiadinha" nas conhecida falta de camaradagem... todas essas ações diárias já estão entranhadas na cultura política da população brasileira.
E nós somos os maiores responsáveis por isso. Pior: porque nós, na condições de formadores de opinião, reproduzimos tais práticas.
Também não caíamos no discurso eticista fácil da direita de "moralidade" como bandeira política, quando ela deveria ser a prática política diária de qualquer cidadão publico investido em postos de responsabilidade, desde o grêmio estudantil até à Presidência da República.
Como bem lembrado pelo Juliano Maciel (Membro da Executiva Nacional da Juventude Socialista), o PT sempre ao longo de sua história procurou patrulhar o PDT, criticando-o pela sua postura de "populismo" e de "clientelismo", evocando pelo discurso fácil da ética e da moralidade. E eis que hora, passados 10 anos que o PT está investido no poder, ele apoia institucionalmente a eleição de uma pessoa comprovadamente corrupta como Renan Calheiros.
Quem te viu, quem te vê...