Dos equilibrados e dos desequilibrados
Há que se ter cuidado com o equilíbrio! O equilíbrio é necessário, mas qualquer evolução para um equilíbrio em um patamar mais elevado que o atual requer um desequilíbrio prévio. Ascenção é se desequilibrar pelas esferas do caminho da serpente, para ascender a um patamar de equilíbrio superior ao atual. Mesmo para quem segue o caminho de Sameck, há de se misturar os opostos de si mesmo para equilibrá-los e para isso é preciso vivenciá-los primeiro, assim como estão. Quando se adentra em uma sephirah, automaticamente se confronta com sua qliphah, pois são dois lados de uma mesma moeda. Se equilibrar a sephirah, controlando sua qliphah, você a transcende, automaticamente se desequilibra novamente, até se equilibrar no patamar de equilíbrio da sephirah superior. E aqui está uma das chaves do caminho: até o equilíbrio de tifereth é imperfeito e só isto é que permite a evolução além desta esfera. Mas há de se ter um desequilíbrio razoavelmente equilibrado, de modo a não ocorrer a aniquilação de um dos lados da equação. É o desequilíbrio do malabarista que, apesar dele, não deixa os malabares caírem...
Pessoalmente, meus maiores desequilíbrios precederam meus melhores resultados. Quanto aos eternamente equilibrados, deixo-os no Nirvana, no equilíbrio perfeito de quem não precisa mais evoluir e só por isso, não desequilibram mais. Aos desequilibrados, como eu, que se reequilibrem e se desequilibrem, para se reequilibrar em um novo e superior equilíbrio, de preferência de mãos dadas. Isto é movimento e movimento é evolução. Isso é o malabarismo do bobo, do louco, do que busca o caminho de Aleph, ao sentar no chão e brincar com as crianças, ou girar com as damas pelo salão, pois ele e as crianças, ele e as damas, enfim, ele e todos, são muitos que são um.