Como somos jovens

Até demais, na minha opinião, pois tenho para mim que, só é permitido ser jovem: quem é demais; quem faz demais; e quem sente demais.

O exagero e o extremo são próprios da juventude, mas de uma forma natural. Obedecendo a uma ordem disfarçada de caos, pois tudo é explosão, tudo ex, tudo para fora.

Nós, jovens, somos o adubo da revolução, a onda que arrasa, somos até "não fazer nada", mas o nosso nada também é tudo. Temos a concessão da natureza: para errar, falhar e experimentar a realidade, se necessário, caminhando pelas veredas da ilusão.

Porque somos nossos próprios batedores: ofendendo as beiradas, indo além dos cercados, descobrindo, fascinando, e, bem devagar, alimentando o adulto dentro de nós. Mesmo que sem querer.

O adulto é necessário conforme o corpo cresce. Logo a juventude não é o suficiente. Só que, dessa vez, o ideal é não ser ex-tremo ou ex-terno, a fim de preservar a juventude de alguma maneira, mesmo que somente no in-terior, in-ternamente.

E que essas faíscas de juventude brilhem em nossos olhos tanto quanto durarem. Desse modo, quando nos formarmos, não perderemos nosso dom de transformar.

Só que é impossível transitar entre a juventude e a maturidade sem perder nada. São perdas necessárias, cargas que despachamos, abrindo espaço para maravilhosas possibilidades, próprias das outras fases do restante de nossas vidas.

Eu só peço à misteriosa matemática que calcula os nossos destinos, para que eu não esqueça de quem, como e quando eu fui, e que também não perca, no turbilhão das experiências, a sensibilidade necessária para agir com o coração.

E que essa garantia se confirme de tempos em tempos a partir de um libertador banho de chuva, uma cama quente de amor, o devaneio fantástico da amizade, e com a sempre presente boa vontade para com aqueles que serão jovens assim como eu sou hoje. E sempre.

Gabriel Aquino
Enviado por Gabriel Aquino em 12/12/2012
Reeditado em 14/12/2012
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