FELICIDADE
Felicidade, definitivamente, é uma coisa esquisita. Fazemos imensas listas mentais com cada item que nos parece imprescindível para sermos felizes, em seguida partimos para a fase das encomendas... Alguns se ajoelham e pedem aos céus por milagres; outros partem para a conquista a base de seus braços, pernas, intelecto ou onde quer que resida sua força; existem aqueles ainda que optam por ser apenas observadores do próprio destino sem nele interferirem com preces ou atitudes.
Então, em um dia qualquer, no qual o céu acorda tão opaco quanto antes e as pessoas continuam com o seu mau humor matinal , somos presenteados com o alcance dos desejos que nutrimos. Entretanto – já que a vida é um conjunto de “entretantos” – a sensação de felicidade extrema que desenhamos nos sonhos e que é, no final das contas, o verdadeiro objetivo por detrás dos desejos, não nos preenche da maneira imaginada. Pontadas de alegria, sem dúvida, guizos estridentes de contentamento e até algumas lágrimas de gratidão a Deus e a si próprio, mas felicidade tal qual se espera sentir...não!
Passamos, pois a ser adeptos da velha concepção de que existem, na verdade, momentos felizes acompanhados de sensações passageiras de prazer, mas não um sentimento constante de gozo que se apodera de nós no de repente de nossas conquistas e permanece mesmo quando aquilo que antes era incrível, torna-se meramente comum. Falta-nos apenas descobrir que a ausência de alegria em profusão, não significa tristeza em demasia. Perdoe-me Hieráclito e sua “Teoria dos Opostos”, mas me agrada o “Meio-Termo” de Aristóteles. Fico eu cá pacificamente acomodada na ausência de sentimentos em excesso.