DISCURSO NUMERO I

Eu sabia que consciência, poderia ser usada como arma. O que não sabia, e que um negro, ou um grupo de negros consciente e com coragem para lutar, poderiam causar tanto repúdio e indiguinaçao de uma camada privilegiadas de nossa nação.

Certo que nossa sociedade é eternamente desigual, preconceituosa, mas eu em minha eterna ingenuidade acreditava que isso seria fácil de combater, e que teria apoio em massa, de pessoas, que talvez, pensassem da mesma forma que eu.

Tive um dissabor, de perceber que para a camada mais abastada da nossa sociedade, seria melhor ver toda maioria em um eterno mar lama. Infelizmente, isso não fica só restrito a camada branca bem abastada, mas também a pequena, muito pequena elite negra desses pais.

Ao se exige as cotas, não estamos entrando em complexo de coitado, como fomos julgados. Apenas estamos exigindo, aquilo que a CONSTITUICAO FEDERAL assegura a todo cidadão do solo brasileiro. Eu acho que complexo de coitado,seria se eu ,ou outro irmão meu,batesse na porta de algum pequeno burguês,pedindo um punhado de comida,ou aceitando ser subalterno aos mandes e desmandes

Parece que e preferível esquecer a historia do Brasil, que esta intimamente atrelada, aos anos de escravidão, a repulsa ao negro liberto, o desrespeito a toda e qualquer forma de afirmação da cultura negra em território brasileiro. O nosso acesso a cursos superiores, e só umas das mil dividas que o Estado brasileiro, tem com todos aqueles que descendem de quem realmente construiu essas cidades, esses estados. Cada igreja construída,tem sangue negro derramado.Cada Pé de café plantado,cada grande latifúndio teve braços de reis e rainhas extraídos de sua terra em condições desumanas

Muito engraçado ver pessoas, admitir que a escravidão fosse de caráter comum ate mesmo moral. De fato era porem, o modelo de escravidão adotado durante fim do século xv, fez do Ser escravizado, um nada. O homem escravizado perdia seu nome,seu credo,ate mesmo era julgado de ser bestial,sem alma.E como herança,os seus descendentes,ate hoje sofrem e pagam com essa sociedade etnocêntrica adotada nos países do ocidente.

O cárcere é negro, todo camburão tem um pouco de navio negreiro. A miséria no Brasil tem cor, nome e sobrenome. Não podemos negar essa grande disparidade, ate mesmo uma idiotice de ignorância tentar esconder a nossa realidade

Raphael MUKUMBI Lisboa
Enviado por Raphael MUKUMBI Lisboa em 23/11/2012
Reeditado em 31/10/2013
Código do texto: T4001238
Classificação de conteúdo: seguro