EXPLICAÇÃO SEM JUSTIFICAÇÃO !

. Tento sempre que posso, evitar contendas!

De todas formas e maneiras, depois de alguns poucos cabelos brancos na cabeça e um pouco de experiência na vida, sempre que possível, saio “à francesa!”

Porém, nesse mister de expor palavras, tal prerrogativa é impossível aplica-la todas as vezes. É muito difícil evitar certos, (ainda que amigáveis) confrontos!

Isso tem muito a ver, com o livre-arbítrio e a liberdade que o homem do século XXI tem de expor suas idéias!

Somado ainda isso tudo, há ainda o fato daquele que escreve passar a ser, como dizem por aí: “vitrine”. Não para expor seus trabalhos como numa loja de cosméticos ficam nas prateleiras externas expostos os perfumes e shampoos, mas como um homem colocado em praça pública, esperando que se lhe atire sempre a primeira pedra e dentre esses, ao contrário do tempo de Jesus, “são os ditos pecadores” a terem pleno direito, de atirar a primeira pedra!

Com efeito, é de fato uma justa possibilidade!

Dada rápida explicação, há alguns dias atrás, fui questionado acerca de algo que escrevi sobre os dirigentes, governantes e etc, que em seus governos tornam-se verdadeiros tiranos.

Com todo o direito que se lhe assiste essa pessoa, me dizia em seu comentário se eu ao invés de criticar não poderia apontar saídas(?!) e mais, se não poderia acreditar um pouco mais nos homens e etc.

Justíssimo o comentário, porém, eu só não ratifico o que ali expus, como vou ainda mais longe: “você só pode conhecer um homem verdadeiramente, quando o vê investido de algum poder!”

Consequentemente, com o poder nas mãos desses homens, eles mostram a que vieram!

Essa senhora ou esse senhor (não me recordo bem), não atentou ao fato de que é preciso rebuscar sim, nos anais da história, personagens que nos serviram de exemplos clássicos para nos “fortalecer!” (ou envergonhar). Seja para o bem; seja para o mal!

Como eu posso viver o presente, elogiar, criticar, complementar minhas idéias ou qualquer pensamento que seja, sem citar aqueles que venceram e também aqueles que fracassaram?!

Impossível!

O homem de hoje, meu caro(a) é reflexo daquele de ontem, assim como os de amanhã, serão marcados por nossos reflexos e assim sucessivamente, continuamente, até o final dos tempos!

Não fui eu que estabeleci o paralelismo dos anos e a sucessividade da história. Foram os personagens dela mesma!

Seja como for, esses homens de governo atual, principalmente no Brasil, demonstram uma frieza sem paralelo para com o seu Estado e por que não? Pelo seu país!

Quem pensar o contrário disso, meu amigo(a) é porque simplesmente, está muito bem situado socialmente, mora bem, come bem e logicamente, tem que apoiar aqueles que os governam, ainda que tenha certeza que esse homem de governo não é, não foi e nunca será justo!

Não há meio termo!

Mesmo porque: “ninguém pode amar a dois senhores!”

O fenômeno que ocorre no Brasil é sem paralelo.

No mundo inteiro é difícil encontrar exemplos iguais.

Dada a facilidade de se ter acesso aos cofres públicos o poder “ditatorial” que esses homens são investidos, etc., “perdem a cabeça”, e por mais que se esforcem (verdade que talvez não se esforcem tanto assim) há uma espécie de força estranha que no final, acabam “os induzindo” a se locupletarem com o erário público, como se fossem deles e é justamente aí que começa a faltar verba para a Saúde, a Educação e a Segurança e etc!

Como são extremamente egoísta e maus* acreditam que não devem modificar absolutamente nada, sobre o risco de comprometer “as finanças do Estado ou da União”, não é isso que sempre falam!

Com efeito, quando do “alto” de sua ignorância o Pelé, pronunciou aquela sábia frase: “brasileiro não sabe votar!” Estava duplamente equivocado e hoje consigo identificar exatamente em quais pontos!

Primeiramente, ainda que o brasileiro soubesse votar de nada adiantaria: votar em quem?!

Por outro lado, ainda que fossem (os brasileiros) “experts” em votação, os políticos, não mestres na dissimulação e na mentira! Ninguém sabe necessariamente “qual o tamanho” do estrago que esse homem fará até se ver investido do poder!

Voltando ao tema predominante naquele outro texto, uma autoridade só pode ser chamada de incompetente (ou seja, que tenta, mas, não tem capacidade de fazer a contento essa ou aquela coisa, etc) e essas altura, isso já seria elogio, quando ainda com dificuldade, se esforça. Não seria o caso.

O caso é de incapacidade, maldade e indiferença!

Sobre isso, viu amigo(a), fui consultar alguns livros de história antiga, e dentre esses, mais uma vez, no Dicionário Filosófico, de Voltaire (François Marie Arouet), achei justamente o que procurava, falando sobre o MAU ( na verdade sobre os homens maus). Observação que não tinha como não transcreve-la na íntegra e para os poucos que conseguirem ler, vão ver do que estou falando.

MAU

Vivem a gritar-nos que a natureza humana é essencialmente perversa, que o homem nasceu mau e filho do diabo. Nada menos ponderado: porque, meu amigo, tu que me dizes que toda gente nasceu perversa, tu me advertes pois de que nasceste tal, que é preciso que eu desconfie de ti como de uma raposa ou de um crocodilo. – Oh! nada disso! – dizes, – eu me regenerei, não sou nem herege nem infiel, podeis fiar-vos em mim. – Mas o resto do gênero humano, que é ou herege ou o que chamas infiel, não será pois um conjunto de monstros? E todas as vezes que falares a um luterano ou a um turco deverás estar certo de que te roubarão ou assassinarão: pois são filhos do diabo; nasceram ruins; um nada tem de regenerado e o outro é degenerado. Seria muito mais razoável, muito mais belo, dizer aos homens: Nascestes bons; vede quão afrontoso seria corromper a pureza do vosso ser. Seria de mister proceder com o gênero humano como procedemos com os homens em particular. Se um cônego leva uma vida escandalosa, nós lhe dizemos: “É possível que desonreis a dignidade de cônego?” Faz-se lembrar a um magistrado que ele tem a honra de ser conselheiro do rei e que deve dar o exemplo. Diz-se a um soldado a fim de encorajá-lo: “Recorda que pertences ao regimento de Champagne” Dever-se-ia dizer a todo indivíduo: “Lembra-te de tua dignidade de homem”.

E, com efeito, não obstante a possuirmos, temos sempre necessidade dela: pois que quer dizer esta frase freqüentemente empregada em todos os povos, concentrai-vos em vós mesmo? Se houvésseis nascido filho do diabo, se vossa origem fosse criminosa, se vosso sangue fosse composto de um licor infernal, esta expressão concentrai-vos em vós mesmo significaria: consultai, segui vossa natureza diabólica, sede impostor, assassino, é a lei de vosso pai.

O homem não é ruim de nascimento; torna-se depois, assim como adoece. Alguns médicos se lhe apresentam e dizem: “Nascestes já doente.” Pile está perfeitamente certo de que esses médicos, por mais que façam, não o curarão se sua doença é inerente a sua natureza; esses próprios argumentadores são bem doentes.

Reuni todas as crianças do universo, e não vereis nelas senão inocência, doçura e timidez; se houvessem nascido más, malfeitoras, cruéis, mostrariam algum sinal, tal como as serpentezinhas procuram morder e os tigrinhos arranhar.

Mas a natureza não concedeu ao homem mais armas ofensivas do que aos coelhos e aos pássaros, não lhes pode dar um instinto que os conduza à destruição.

Portanto o homem não é mau de nascimento. Por que então existe tão grande número de infetados por essa peste da ruindade? É que aqueles que os dirigem, sendo colhidos pela doença, comunicam-na ao resto dos homens, como uma mulher atacada do mal que Cristóvão Colombo trouxe da América espalha esse veneno de extremo a outro da Europa. O primeiro ambicioso corrompeu a terra.

Ides dizer-me que esse primeiro monstro desenvolveu o germe do orgulho, da rapina, da fraude, da crueldade, que existe em todos os homens. Sei muito bem que em geral a maioria de nossos irmãos pode adquirir esses defeitos; estará porém toda gente contaminada pela febre pútrida, pelos cálculos renais, apenas por que todos estão expostos?

Existem nações inteiras completamente boas: os filadélfios, os banianos nunca mataram pessoa alguma; os chineses, os povos de Tonquim, de Lao, de Siam, do próprio Japão, durante várias centenas de anos não conheceram a guerra. Apenas de dez em dez anos é possível ver um desses crimes que comovem a natureza humana nas cidades de Roma, Veneza, Paris, Londres, Amsterdã, cidades onde, de feito, a cupidez, mãe de todos os crimes, é extensa.

Se os homens fossem essencialmente maus, se nascessem completamente submetidos a um ser tão malfeitor como infeliz, que para se vingar de seus suplícios lhes inspirasse todos os seus furores, ver-se-iam todas as manhãs maridos assassinados por suas mulheres e pais por seus filhos, como podemos contemplar no alvorecer do dia frangos estrangulados por uma doninha que lhes sugou o sangue.

Se houver um bilhão de homens sobre a terra será muito; isto dá aproximadamente quinhentos milhões de mulheres que costuram, que cozinham, que alimentam seus filhos, que tomam conta da casa ou cabana própria, e que falam um certo mal de suas vizinhas. Não vejo que grande mal essas pobres inocentes fazem sobre a terra. Sobre esse número de habitantes do globo há duzentos milhões de crianças no mínimo, que com toda certeza não saqueiam nem matam, e cerca de outro tanto de velhos e doentes que o não podem fazer. Restarão quando muito cem milhões de jovens robustos e capazes de praticar o crime. Desses cem milhões noventa estão continuamente ocupados em forçar a terra, mercê de um trabalho prodigioso, a fim de que esta lhes dê alimentos e roupas; esses não têm igualmente tempo para fazer o mal.

Nos dez milhões restantes estão compreendidos os ociosos que prezam a boa companhia das mesas, que desejam viver doce e tranqüilamente, os homens de talento ocupados com suas profissões, os magistrados, os padres, visivelmente interessados em levar uma vida pura, ao menos na aparência. Como verdadeiros maus, portanto, apenas restarão alguns políticos, amadores ou profissionais, e alguns milhares de vagabundos que lhes alugam os seus serviços. Ora, impossível seria atuar um milhão de bestas ferozes ao mesmo tempo; e nesse número estão incluídos os assaltantes das estradas reais. Tendes, pois, quando muito, sobre a terra, nos tempos mais borrascosos, um homem sobre mil a quem se pode chamar mau.

Há pois infinitamente menos mal sobre a terra do que se diz e pensa. E é ainda muito, sem dúvida: assistimos a desgraças e crimes horríveis; porém o prazer de se lamentar e exagerar é tão grande que à mínima arranhadela seríeis capaz de bradar que a terra regurgita de sangue. Fostes enganado, todos os homens são perjuros. Um espírito melancólico que sofreu uma injustiça vê o universo coberto de danados, como um jovem voluptuoso ceando com sua dama, ao sair da Ópera, não acredita na existência de infelizes.

optiumt
Enviado por optiumt em 14/11/2012
Código do texto: T3985033
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