Companheiro Evo Morales...

Romeu Prisco

..., reconheço, de público, a justeza dos seus pleitos, tendo em vista o bem-estar do povo boliviano. Nem todos poderei atender de imediado, porém, saiba que sempre farei o possível para realizá-los, visando a manter, em bom nível, o nosso relacionamento. Exemplo disso é o acordo que acabamos de sacramentar, para revisão do preço do gás por nós importado do seu país, ainda que contrariando os termos contratuais. Agora, se me permite, vou dirigir umas palavras ao povo brasileiro.

Quero falar especialmente aos afortunados trabalhadores e aposentados do meu país: companheiros ! A Bolívia, um país pobre e subdesenvolvido, necessita da nossa ajuda, o que não pode ser negado. Assim, cumpre-nos ceder, graciosamente e sem nada reclamar, uma parcela do nosso rico patrimônio, como foi o caso da nacionalização das refinarias da Petrobras, efetuada pelo governo boliviano. Ademais, tirar um pouco de dinheiro dos nossos bolsos locupletados de reais, mas não das nossas cuecas recheadas de dólares, para arcar com o aumento do gás, nada representa, diante da fartura em que vivemos.

Somos o país líder da América do Sul. Destarte, temos de fazer generosas concessões aos nossos vizinhos, desde a Terra do Fogo até Maracaibo, passando, assim, pela Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela. Também não podemos nos esquecer do Suriname e das Guianas. Vamos acabar com as barreiras alfandegárias e construir modernas rodovias nas nossas fronteiras, para facilitar o acesso e o trânsito dos nossos "hermanos" e das suas mercadorias.

Outrossim, como país líder da América do Sul, igualmente temos responsabilidade perante o resto do mundo. Logo-logo o nosso querido amigo, protetor e benfeitor George W. Bush, Presidente dos EUA, virá ao Brasil em busca de opções para uso de combustível mais barato e não-poluente. Vamos facilitar a visita desse "big brother" às nossas usinas de produção de etanol, garantindo-lhe fornecimento permanente do precioso líquido, em grandes quantidades, assim como da respectiva tecnologia, tudo a preços de irmão para irmão.

As nossas tropas, custe o que custar, devem continuar no Haiti, por tempo indeterminado, até que se restabeleça completamente a paz naquele país. Mais para frente, retornaremos a nossa atenção ao continente africano, a fim de acabar com a fome e a miséria naquele pedaço do planeta Terra. Ainda vamos participar, de forma ativa e humanitária, da reconstrução da Palestina, do Iraque e do Libano, após a radical devastação local, pelas forças do bem . Quanto ao Irã e à Coréia do Norte, vamos nos engajar na luta, de corpo e alma, para que desistam das suas experiências nucleares e não mais representem um perigo à paz mundial.

Nessas condições, brasileiras e brasileiros, estaremos cumprindo a nossa vocação histórica ! No mais, como diria o companheiro Silvio Santos, "o PAC vem aí, la-la-la-la-la-la ...".

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