VENCENDO MEDOS

O amor e o medo são as duas emoções que mais movimentam o ser humano. vamos tratar neste trecho do lado negro da força.

Se fizermos uma análise bem profunda desta sensação, chegaremos à conclusão que todos os tipos de medo têm na origem o medo da morte. Eles serão mais intensos na medida em que se aproximarem mais deste que é o maior de todos os receios. Entretanto, o temor da morte sempre foi muito válido na preservação de nossas vidas.

De onde vem esse medo? Uma resposta possível é que ela pode se sair mal na sua exposição.

Qual o problema disso? Talvez não seja bem vista pelas pessoas que presenciarem sua apresentação.

Qual é o receio de termos reprovação dos observadores? Se as pessoas não gostarem de nós acabarão se afastando e podemos tornar-nos infelizes.

Por que precisamos temer isso? Pessoas infelizes adoecem mais e consequentemente aumentam suas chances de morrer. No fim sempre chegamos a fonte geradora de todos os medo. O medo da morte.

Embora essas respostas pareçam simples e infantis nosso emocional normalmente é bastante imaturo e funciona desta maneira. Conseguindo retirar todas as camadas superficiais que tentam maquiar a realidade dos temores o que sobra lá no fundo é o instinto de sobrevivência.

Por ser uma emoção tão forte o medo vem sendo utilizado ao longo da história humana como uma das mais eficientes formas de manipulação. Quando tememos muito por algo e não temos coragem de enfrentar, acabamos fazendo qualquer coisa para nos livrar dessa sensação incômoda.

O ser humano tem pavor do desconhecido. Aquilo que nunca experenciamos pode nos conduzir à morte. Por isso, desde muito cedo, o homem receou a natureza. Ela era toda inexplicável em épocas primitivas. Por temer sua imprevisibilidade tentamos até hoje domina-la. Depois sofisticamos o medo criando o misticismo – misticum provém da mesma raiz latina de misterium. Este sistema de criar um mundo que não poderia ser visto ou controlado por simples mortais dava um poder infinito àqueles que diziam que conseguiam manipula-lo. Devido à força que o misticismo possuía, ele acabou sendo institucionalizado em forma de religiões. Hoje, elas estão aí para provar o poder que o desconhecido pode exercer sobre nós.

Nos dias atuais os sistemas de manipulação através do medo são ainda mais elaborados. Tudo o que tememos prende nossa atenção. Procuramos mais informações, pois assim talvez saibamos como agir quando uma situação inusitada ocorrer. Explicado está porque é tão lucrativo para os meios de comunicação expor tantos episódios violentos e amedrontadores todos os dias.

Uma pesquisa mostrou que a violência nos Estados Unidos cai a cada ano, entretanto ela ao mesmo tempo cresce em exposição na mídia estadunidense. Este tipo de atitude dá muito poder ao setor, pois ele passa a falar de um assunto que aparentemente preocupa a todos. Daquele tipo de informação parece depender nossas vidas. Mais uma vez se vê presente o medo da morte.

A manipulação através do terror também é utilizada pelo mercado de trabalho. O medo de ficar desempregado é motivo para que as pessoas sacrifiquem sua vida privada em função de algo que pode vir a acontecer. As empresas sabem disso e manipulam as pessoas com essa possibilidade. Os empregados acabam trabalhando mais e isso aumenta a produção, mas por outro lado cria-se uma sociedade repleta de pessoas tristes e insatisfeitas. Na outra extremidade temos aquelas que passaram pelo trauma de uma demissão, montaram seu próprio negócio e tornaram-se felizes e realizadas.

A obra literária que mais influenciou os Estados Unidos depois da Bíblia foi um livro chamado Quem é Jonh Galt? de Ayn Rand. A autora russa sofreu muito com a Revolução de seu país e fugiu para os EUA por não suportar a falta de liberdade em sua terra natal. Nesse romance de tese ela conta a história de um futuro indefinido no qual forças políticas de esquerda estão no poder dos Estados Unidos. O país entra em decadência e sua economia caminha para o colapso. Essa obra influenciou milhões de americanos, entre eles o gênio que presidiu o Banco Central Americano durante 20 anos, Alan Greenspan. Esse medo influenciou-o em muitas de suas decisões.

Seu maior medo era que acontecesse com eles, o mesmo que aconteceu na ex-União Soviética e na atual Cuba. Com uma grande preocupação que esse desastre ocorresse os estadunidenses lutaram com todas as forças para que um sistema mais liberal prevalecesse no seu país. Eles conquistaram seu objetivo e tentaram expandi-lo ao mundo. Vemos nesse caso um aspecto positivo do medo, ele nos faz agir e crescer para que espantemos aquilo que possivelmente possa nos prejudicar.

Agora como podemos lidar com uma emoção que de tão forte pode nos deixar dominados por seu poder e menos conscientes?

O medo é um fenômeno psicológico. Ele é criado dentro de nossas mentes a partir de uma combinação de traumas, expectativas e receios. Embora possamos tentar nos afastar dele, se a crença que o alimenta não for alterada ele continuará habitando nosso inconsciente. Não há como refugiar-se é preciso enfrentá-lo.

Nas filosofias iniciáticas existe um conceito chamado de Senhor do Umbral. Esse fenômeno aparece em determinado estágio de nossa evolução pessoal e é formado pela soma de todos os medos que temos multiplicados na última potência. Aquele que deseja evoluir internamente, em algum momento, deve encarar face a face seu monstro amedrontador. Na verdade ele não existe, é apenas uma ilusão criada no psiquismo. O conceito do Senhor do Umbral nos ensina que se temos determinado medo, não devemos fugir dele, pois uma hora ou outra ele aparecerá.

O medo toma proporções gigantescas por uma distorção na nossa mente, quando enfrentado ele se reduz ao uma simples ilusão facilmente quebrada. Nesse caso, a expectativa sempre supera a realidade. O difícil nesse processo é manter a decisão de vencê-lo, pois quando o enfrentamento ocorre vemos que a proporção gigantesca do medo na realidade é bem mais reduzida que imaginávamos.

Se uma pessoa tem medo de cobra, não deve evitar por tudo esse animal nada amistoso. Ela deve ir se aproximando aos poucos. Pode começar a estudar serpentes e ver seus documentários. Vai descobrindo que a proximidade ao temor lhe traz confiança e não mais medo. Depois ela faz uma visita a um zoológico. Em pouco tempo, se tiver vontade para vencer seu trauma, estará tocando em uma delas com muita naturalidade. Os medos existem para serem vencidos e nos tornarem mais esclarecidos e confiantes. A sensação advinda do vencimento de um trauma é uma sensação de coragem e de que você é imbatível. Vale a pena vivenciá-la.

Seja qual for o seu medo enfrente-o. O dia em que você passar por ele saiba que é menor do que você acha. Tente vencê-lo, é questão de prática, de ir conquistando confiança aos poucos. Depois de vencido você perceberá o quanto ele é mais fácil de dominar do que você imaginava. Essa atitude o tornará uma pessoa melhor e mais segura de si. Não há o que temer nessa vida, encare seus medos como desafios e torne-se maior do que és.

Andrea Ghiorzzi
Enviado por Andrea Ghiorzzi em 09/07/2012
Código do texto: T3767934