A SAÚDE COMO "MEDIDA PROVISÓRIA"
E COMO MOEDA POLÍTICA:
Houve um tempo, aliás um tempo não muito remoto, em que trabalhar seriamente em prol da sociedade, por opção de ideal durante uma vida inteira, em quaisquer dos cargos públicos oferecidos pelas esferas governamentais, obviamente depois de se passar pelo dificílimo filtro bem estreito dos concursos sérios que mediam a alta complexidade técnica dum profissional, concursos públicos impecáveis que eram realizados para todas as esferas de atuação profissional, era um grande privilégio de poucos.
Digo "privilégio de poucos", não no sentido discriminatório, longe disso, mas porque, na verdade, eram poucos os que se habilitavam a estudar muito a ponto de competir em status de igualdade de condições de conhecimento com muitos abnegados, com aqueles que igualmente pleiteavam por carreiras sérias de doação, e nas quais se acessava, NÃO POR CABIDE POLÍTICO AOS MOLDES DAS TERCEIRIZAÇÕES DE HOJE EM DIA, mas apenas pela porta da frente por mérito e por competência que tinham que ser arduamente comprovados nas provas, inclusive nas PROVAS ESCRITAS.
O tempo passou, o Brasil evoluiu, e tudo mudou, infelizmente nem tudo para melhor.
Graças a Deus tivemos a abertura política, a luta democrática, o avanço da democracia que teoricamente coloca o bem estar do povo no ápice de "todo o sentido político", todavia, muito paradoxalmente a infiltração subserviente dos cargos de provimento público começou a desnortear o princípio de seriedade gestora que deveria pautar todo o aparato público, aliás, a competência, a ética, o compromisso, o profissionalismo e a seriedade que deveriam nortear o acesso a qualquer quadro da Nação, válidos também aos cargos políticos de toda a esfera executiva, legislativa e judiciária.
Porém, ao longo do tempo, todos os princípios e todos os valores se inverteram muito. Devem ser OS BÍBLICOS sinais dos tempos...
Hoje há que se pedir desculpas por se ser competente e por todas as entradas no público pelas portas dianteiras, principalmente se alguém se habilitar a servir o país sob os moldes mais antigos, de caminhos já bem ultrapassados.
Atualmente, em nome da Democracia, porque é sempre em nome do "sagrado" que tudo melhora ou degringola sem que consigamos dar conta a tempo de nos salvaguardarmos dos tantos estragos, dos escárnios socias infelizmente já tão consolidados por aqui, hoje o Governo parece querer aniquilar o funcionalismo que opera aos moldes antigos, obviamente porque mostra interesse na "privatização" sorrateira dos cargos públicos para transformá-los em moeda de troca política.
Algo, a olhos vistos, direcionado para "os seus".
No que há de mais básico em estruturação socializada de ponta, EDUCAÇÃO em primeiro lugar e SAÚDE logo a seguir, ambas pastas linkadas intimamente ao custo e ao benefício promovido ao desenvolvimento social, é justamente aí que o governo mostra, ao longo do tempo, sua inépcia total no gerenciamento do caos que atinge a ambas.
E agora a notícia mais nova: Nossa presidenta, numa medida provisória instituída na calada da noite, num instrumento administrativo que tem força sumária de lei, transforma também os médicos federais concursados no bode expiatório do momento.
Decerto devem ser eles os culpados pela falência da saúde pública brasileira, assim como os professores o são pela falência da educação.
Saibam, uma bem intencionada e política medida provisória reajusta para baixo (como tudo por aqui) os proventos de carreira DOS MÉDICOS provavelmente para "salvaguardar o erário", ao recalcular as tabelas de vencimentos dos profissionais pela metade, dos profissionais em pleno exercício da carreira EXTENSIVAMENTE AOS APOSENTADOS.
Decerto a corrupção política não pesa no custo- país!
Eu pergunto: um país que não precisa de professor...para que precisaria de médicos, ou de médicos professores nas universidades federais, não é mesmo?
Que coisa fora de moda, pagar médicos e professores! Não seriam ambas profissões de sacerdócio?
E para que precisaríamos de médicos brasileiros se a oferta política de médicos latino- americanos está ávida para ser absorvida pelo Brasil, sem critérios maiores para aqui adentrar?
E por que os políticos reverenciariam com "todo respeito" os médicos públicos brasileiros e concursados, já que, nas horas tão difíceis, em que a saúde pessoal deles "ingripa", (afinal, ao menos nisso somos todos iguais!) logo têm eles todo o mais "nobre aparato privado" nas suas mãos, quiçá pagos com o erário público que representa o suor de todos nós?
Eu, sinceramente, não vejo novidade alguma nesse mais novo desrespeito impetrado por medida provisória, que tanto movimenta e indigna a classe médica.
E o que a Justiça diria disso? Mas...e a Justiça, aqui não seria política?
Afinal, por aqui tudo que é provisório se torna perpétuamente permanente por jogo político e não seria a saúde tão fraca, tão doente, tão agonizante, com seus fragilizados e desprestigiados médicos concursados, que teria força para lutar para ser agraciada com o milagre da consideração e respeito a que todo nós brasileiros fazemos jus.
Como Nação, eu não tenho dúvida, vivemos um verdadeiro Apocalipse que só não atinge os políticos que não são concursados, mas são diplomados e doutorados.
Assim caminha a nossa Pátria amada, salve -salve!
Com todo respeito, salve-se quem puder, isso sim!
Parabéns Presidenta.
Mais importante do que a flexão do gênero e da semântica dum nobre cargo repleto de "poder democrático", decerto que serão as verdadeiras intenções das tantas batutas, justas ou não, porque são essas que escreverão a verdadeira história, aquela que um dia duramente nos será revelada às nossas novas gerações.