A Paraíba de Ronaldo Cunha Lima
O Estado da Paraíba é o território espacial e imaginário dos menestréis que esbanjam suas emoções e desilusões sob a inspiração poética artificial que se naturaliza no cerne do poeta.
Nosso Estado foi e continua sendo o berço de grandes poetas a citar Augusto dos Anjos (1884-1914), um paraibano que tinha por execelência intimidade com os versos, onde o seu "eu" se misturava com poemas, rimas, sonetos e redondilhas. A antropologia Cultural assevera que a poesia de Augusto dos Anjos foi pioneira interiorizando características budistas em um sertão paraibano, ou melhor, no Brasil.
Inicio minhas palavras começando a ressaltar a fonte inesgotável que impulsionou o política, advogado, repentista e imortal pela poesia na Academia Paraibana de Letras, Ronaldo Cunha Lima, onde Augusto dos Anjos fora sua fonte inspiradora e motivadora.
Um intelectual modernista, Ronaldo fazia e faz parte de uma poética urbanística e arquitetônica voltada sempre ao adorno espiritual. Encontrava em tudo que via um verso, uma rima, e seja aos pés do juiz ou na tribuna do senado federal, a poesia sempre vinha como aderência natural. Ambos se completam de Ronaldo político à um Ronaldo Poeta.
A Paraíba parava e escutava a poesia de repente que se esbanjava não em uma construção meramente intelectual de um grande conhecedor das letras, mas de um homem vislumbrado pelos amores e desamores da vida, em uma métrica privilegiada, inaugurando uma poesia que servia de sinfonia para os espíritos do sobrenatural.
Concluo assim, a minha diminuta ressalva ao poeta paraibano Ronaldo Cunha Lima, como político foi governador, deputado federal, vereador, prefeito, deputado estadual e senador. Como profissão escolheu a advocacia que a exerceu com maestria, foi defensor público, começou trabalhando em um cartório notarial.
E o restante de sua vida se limitou a poesia, ao azul intinerante do céu paraibano, ao verde dos mares de João Pessoa PB, ás ruas de Campina Grande PB, enfim, aos versos libertos, sem métricas e estilos como preferia, leiam agora a sua poesia.
Não maldigo os versos que lhe fiz
Não maldigo os versos que lhe fiz,
embora não devesse tê-los feito.
São versos que nasceram do meu peito,
mas frutos de um amor muito infeliz.
São versos que guardam o que não quis
guardar daquele nosso amor desfeito.
Relendo-os sofro, e sofrendo aceito
o que o destino quis como juiz.
Não os maldigo, não. Não os maldigo.
Vou guardá-los em mim como castigo,
para no amor eu escolher direito.
Só porque nesse amor não fui feliz,
não maldigo os versos que lhe fiz,
embora não devesse tê-los feito.