Cientistas do amor
Okay, tudo bem... Vamos ser sinceros. Eu não sou belo, não tenho charme e não sou galã. Minha voz não é bela, meu corpo não é de modelo, não sou o melhor do mundo no violão e meu sorriso tem pouco brilho.
Mas, e daí? Essas não são as principais diferenças entre nós. Enquanto você se esconde dentro de uma casca de razão que quase não lhe deixa respirar, eu me jogo em queda livre às minhas paixões, esperando somente encontrar um paraquedas no meio do caminho. Quantas vezes você já não deixou alguém ir embora, entediado, enquanto procurava ao menos um guarda-chuva para não se molhar caso o céu estivesse nublado?
Sim, eu sou uma criatura qualquer neste mundo de Deus, abandonado às decisões do destino e submetido às garras do mero acaso. Eu sou mais um apostador neste jogo de escolhas e, com poucas moedas, passei a apostar pedaços do meu próprio coração. Se ganhei? Não muito... Mas meu coração é grande o suficiente para que eu continue apostando, e eu sei que quando eu ganhar, irei recuperar todos os pedaços que me foram arrancados!
Não falo “eu te amo” constantemente, pois tenho a consciência de que sou responsável pelos meus sentimentos e, muitas vezes, pelos sentimentos que posso despertar nos outros. Mas jamais deixei que um amor me sufocasse em palavras, por deixar a razão aterrorizar-me na hora de olhar nos olhos e dizer que amo.
E não me julgue como ingênuo por eu cometer todas essas aparentes loucuras! Eu passei por tantas decepções quanto você... Na verdade, a vida vem me dando muitas rasteiras, mas eu nunca caí para além do chão, o chão que, em todas as quedas, me serviu de apoio para levantar-me. Eu sei bem como é: você deixa um amor te dominar completamente, entrega-lhe os sentimentos, dedica-lhe todos os sorrisos e se abstém de qualquer vida sem a pessoa amada. Quando, de repente, veja só que ironia, você não tem mais por quem sentir, para quem sorrir e com quem viver... Parece que nada mais faz sentido, não é? Pois o erro está justamente aí: tentar encontrar um sentido racional. Ah... se o mundo acabasse toda vez que isso acontecesse, o meu mundo já teria se encerrado em diversos fins. Eu também não gosto de viver sem amar, sem me apaixonar! Às vezes até penso que Deus me enviou à Terra para cumprir a missão de ser um eterno caçador de paixões. Mas, quando quem eu amo vai embora, eu me agarro aos meus sonhos, às minhas loucuras e a tudo que é meu por natureza e, assim, amo a mim mesmo.
Então, eu insisto: largue essa razão! Enquanto existe um mundo tentando esquentar os teus sentimentos, você insiste em usar a razão, essa pedra de gelo, para esfriar o seu coração! E me desculpem vocês, “cientistas do amor”, mas talvez vocês sejam capazes de me explicar de onde viemos e para onde vamos e o que é o universo e por que aqui estamos, mas jamais vão encontrar a resposta do por que amamos!