O amor só é concretizado na morte?
Existem imensas teorias a respeito do amor, algumas delas supérfluas, subjetivas, errôneas; eu diria que poucas são verdadeiras.
Ao longo do tempo o amor passou a ser conceituado moralmente por cada ser humano, segundo as suas experiências amorosas e familiares. Entretanto, não se pode definir um verbo baseado em tristes experiências, ou mesmo em demasiadas fantasias e ilusões.
Para que possamos responder a pergunta tema deste texto, precisamos compreender o significado da ação de amar alguém...
Amar é ter paciência, é ser humilde, submisso, compassivo, dedicado, companheiro e amigo... Existem vários adjetivos para definir o significado do amor.
Porém, quando escolhemos amar alguém, automaticamente estamos dizendo que faremos algo a este alguém, porque como todos sabem, verbo é uma expressão que exige uma ação, e se afirmamos amar, certamente teremos uma responsabilidade; e essa responsabilidade chama-se: compromisso; pois quem ama se compromete em agir a favor de alguém.
Isso demonstra claramente que ao contrário do que a maioria pensa, amar não é oba-oba, mas sim, uma responsabilidade de gente “grande”, pois somente aqueles que são capazes de serem amadores apaixonados pelo amor, serão capazes de amar.
Talvez seja esse o motivo de muitos terem deturpado o significado da palavra “amor” para não pesar tanto em sua responsabilidade ao aderir a essa prática de amar. Pois quando mudamos o sentido das palavras, temos a impressão de que o fardo do seu significado passa a ser mais leve.
Portanto, o verdadeiro amor é movido pela razão das escolhas, e o que mantém vivo este sentimento é o comprometimento que temos com as escolhas... Escolher amar é escolher a morte: a morte da soberba, da arrogância e do egoísmo. Se não estivermos prontos para morrer, é melhor não iludir ninguém com o nosso falso amor, movido somente pelo egoísmo do prazer, visando apenas à satisfação do próprio ego.
Quando um casal se compromete em ser fiel até a morte, não está simplesmente dizendo que ambos amarão um ao outro até que a morte os separe, mas sim, que ambos estarão comprometidos em fazer o outro feliz até que a morte os separe para sempre... Não existe amor concretizado, não tem como finalizar um sentimento infindável, amor não é movido pelo tempo, mas como disse acima, pelas escolhas, e quando se perde um ente querido, ou mesmo o amor da nossa vida o sentimento que temos não é apagado, nunca ouvi falar de um ser humano que foi capaz de deletar o amor por alguém que já se foi...
Simplesmente não o cultivamos visivelmente, mas quando amamos de verdade a morte não vence as lembranças, a saudade passa a ser o combustível que temos para viver, e até inconscientemente cultivamos o amor por meio das recordações, e com isso, obtemos forças para encontrar motivos para sorrir e continuar vivendo. A morte destrói simplesmente a frágil e curtíssima vida; histórias, lembranças e sentimentos jamais serão apagados da mente de quem amou. Se por acaso o amante que perdera a amada se abrir para outro alguém, eu não diria que isso seria uma traição para com o seu amor, eu diria simplesmente que isso não passa de um devaneio de quem carrega no peito a dor e frustração do “divórcio” proporcionado pela morte.
A maior loucura que pode existir é amar alguém que já se foi, que se foi apenas para os desafortunados, mas para os amantes, o que se vai com o tempo são apenas as misérias das riquezas visíveis, mas os tesouros invisíveis que dinheiro nenhum pode comprar não se rendem ao tempo, mas são eternos como as poesias soltas pelo vento, que vem e vão, e mesmo ninguém apreciando as suas palavras permanece escrevendo suas lindas poesias pelo ar, os desatentos não percebem, mas os amantes riem e se deliciam com suas lindas e nobres palavras...
A eternidade só existe para os amantes, porque os insensatos se perdem em meio a finitude das paixões.