VÍTIMAS DA INJUSTIÇA SOCIAL
O pus é uma tentativa do corpo doente de expelir a doença. Todavia, o pus não é o remédio, mas um recurso do corpo, produzido em conjunto com a eliminação da causa da doença. Da mesma forma é a polícia, um sintoma indesejado de uma sociedade doente, muito enfraquecida, em estado de putrefação. Todavia, qual é a causa dessa doença? A criminalidade? Qual das criminalidades? A dos criminosos comuns ou daqueles que a lei não consegue incriminar porque eles é que manipulam as leis?
Na verdade a criminalidade é um sintoma dessa sociedade doente, assim como o é a polícia. A causa é o egoísmo, que afeta a todos, pois assim como uns exploram a mão-de-obra dos outros, enriquecendo à custa dos trabalhadores e pobres, tornando-os marginalizados, outros são negligentes, tirando de sobre seus ombros a responsabilidade para com o bem-estar do próximo, deixando tudo para o Estado, que não é humano, haja vista sua capacidade de privar uma mãe inocente da filha morta com a alegação hipócrita de um delegado apressado de que seria assassina, demonstrando que promotores, juizes e policiais não são pais nem mães, tampouco humanos, não estão sujeitos às fraquezas dos humanos, além que não possuem sentimentos humanos, tampouco misericórdia, certos de que não têm do que se envergonhar, pois têm tanta disposição e urgência em sentenciar desumanamente as pessoas. Sendo assim, como podem proteger a seres humanos se não conhecem suas mazelas? Não podem, pois apenas fazem cumprir em parte a lei, sendo que friamente, mas muito mais eles as usam para proteger seus interesses e interesses dos que têm dinheiro, jamais para proteger o bem-estar das pessoas, ao contrário, com ela prejudicam as pessoas, prejudicando multidões.
Essas pessoas são estabelecidas pela facção endinheirada da sociedade sanguinária para executarem os linchamentos que eles querem executar com as próprias mãos, por isto os estabelecem para que sujem as mãos em seu lugar. Porque a causa da doença dessa sociedade são os empresários que roubem nos salários dos seus funcionários (pagando esses salários profanos), são os políticos que criam leis e mecanismos para acobertar esses empresários, bem como para obstruir a indignação do trabalhador, além de criar mecanismos que impossibilitem o trabalhador de formar empresas para fazer frente à exploração; também são a causa da doença dessa sociedade o membro comum que bate a porta na cara do faminto desesperado; que argumenta ao menino de rua que será prejudicial se lhe der um trocado; que convence ao pobre que ele merece a desgraça que sofre, porque é incompetente, porque não tem estudo e não passa de um baderneiro. Essas pessoas são a causa da miséria, da pobreza, do sofrimento e da marginalidade, bem como da violência e são elas que, ao final de tudo, ainda lucram com o medo da população, oferecendo serviços e equipamentos de segurança contra o mal que originam.
Eis aí a maior e mais descarada de todas as demagogias, a pior de todas as hipocrisias, chegando a ser sarcástica, profana, zombeteira. Os próprios criminosos, escondidos na lei, se colocando de defensores da sociedade, porque produzem alguns empregos, mas exploram toda uma sociedade e lucram fortunas com sua mão-de-obra e medo, produzindo como conseqüência o banditismo e o perigo. Eles é que deviam ir para a cadeia juntamente com seus comparsas, os políticos, os governantes, os juristas e toda essa estrutura que serve para reprimir a repulsa do povo a essa barbárie desproporcional. Se tivessem sido postos na cadeia desde o começo a cadeia não estaria cheia de bandidos, pois as pessoas de bem poderiam comandar o país e as empresas, distribuindo as riquezas de forma justa, reduzindo o abismo da desigualdade e da injustiça social, pelo que se produziriam muito menos bandidos.
Wilson Amaral