Dom Diego
O termo “Dom” tem o fim de expressar um título nobre, de origem latina, mas que também faz parte da tradição portuguesa, espanhola ou italiana e significa um pronome de tratamento dedicado às pessoas nobres. Exemplo mais comum vamos extrair da nossa história brasileira jungida com a portuguesa, lembrando a dinastia de Dom Pedro I.
Assim, embora o amigo homenageado não seja nenhuma autoridade ou pessoa ligada a dinastias abastadas, pode ser assim chamado por nós, por estar ligado à nossa história em face de ter sido o primeiro da geração mais jovem que figurou no time da “Bancada da Bola”. O acervo fotográfico que se espalhou pelos diversos lares onde vivem os antigos boleiros, vez por outra, mostra a figura do menino franzino, magrinho, que ao lado do pai comparecia em nossas disputas futebolísticas.
Creio que esse fato de ser o primeiro dos mais jovens a figurar em nossas viagens, em nossas festanças ou em nossos campeonatos e, também, por ser o primeiro a vestir, como dependente, a gloriosa camiseta da ASPJMS, merece receber de todos nós que primamos em enaltecer a história do SINDIJUS, esse título de Dom Diego da “Bancada da Bola”.
Não bastassem todos esses lances históricos, creio que o valor que mais cativou a “Bancada da Bola” a render-lhe tal atributo é a fineza e a riqueza da sua educação. O Diego Furquim (como gosta de ser chamado), sempre foi um garoto humilde, sem arrogância, mesmo sendo colocado à prova algumas vezes por ser filho de ex-profissional. Nunca lhe subiu à cabeça o fato de ser filho do Tucho. Tinha perfeita noção que a competência de seu pai nas quatro linhas de um gramado era apenas uma mola propulsora para lhe render atenção, mas, que jamais poderia se comunicar com a sua própria personalidade.
Esse grande e profundo valor que o Diego tem na alma é que lhe rendeu nossa admiração e nosso respeito, porque em nenhum momento extrapolou a sua condição de emergente dentro do nosso grupo. Sempre respeitou os mais velhos e as lideranças que tiveram destaque enquanto ele era um novato. Obedecia aos critérios de escalação e nunca se viu na sua conduta qualquer ato que pudesse denotar orgulho ou vaidade pessoal. Nesse patamar de respeito foi crescendo junto com o grupo e se tornando alguém confiável, para, com o tempo, tornar-se dono da sua própria personalidade.
Essa condição de humildade e respeito me leva a lembrar de recente manifestação de Chico Xavier, quando diz:
“A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos. A gente pode até olhar ao redor e ver que tudo está mais ou menos... TUDO BEM! O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum... é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. Senão a gente corre o risco de ser uma pessoa mais ou menos...”
Creio assim, que o nosso amigo “Dom Diego” nunca quis que as coisas fossem vistas nessa condição de ‘mais ou menos’, por isso sempre demonstrou sinceridade nos seus gestos e por isso merece nosso apreço.
Hoje, moço formado, prestes a ser pai, com vida estável, trabalhando no campo do direito, demonstra que sua juventude e seu passado de respeito aos outros, rendeu-lhe espaço na sociedade, passando ser alguém respeitado como homem e como cidadão.
A leve saliência no abdômen ainda não lhe retirou a vivacidade e o empenho quando entra em campo. Continua sendo aquele jogador aguerrido com quem podemos contar sempre que necessitamos. Lembro episódio recente, quando lhe solicitei que atuasse no gol em um Campeonato Veterano, na ausência do goleiro de minha equipe e, ele, sem pestanejar, aceitou o desafio, mesmo não sendo o local do gramado onde gosta de atuar. Esse pequeno gesto de solidariedade é que me permite ficar bem à vontade para proferir estes elogios, já que não são todas as pessoas que se dispõem a ajudar quando a função oferecida não é aquela em que se tem apreço.
Enfim, em nome da “Bancada da Bola” quero rogar a Deus que sempre acompanhe o “Dom Diego” em sua caminhada profissional e para que ele continue a ser esse moço prendado e humilde que sempre admiramos. Acredito que em qualquer lugar que o “Dom Diego” estiver ele estará construindo em sua volta um grande círculo de admiração.
São esses os votos destes velhos amigos da ‘Bancada da Bola’.