PALAVRAS

Palavras...

Como são belas as palavras...

Tudo o que faço é uni-las para impressionar pessoas. Fazê-las sentirem-se bem, lendo apenas palavras.

Palavras...

Pensamentos abertos, sentimentos expressos, desejos expostos ou simples comunicação. Tudo real e verdadeiro, ou apenas um fetiche de quem se alimenta de palavras.

De significados singulares, quando unidas, crescem em valor e tradução, transmitindo emoções, carências... Coisas que o “dizer” não diz, mas as palavras...

Palavras...

Quisera eu poder imortalizar algumas delas. Curtas como uma trova ou heróica como “Os Lusíadas”. E entre J. G. de Araújo Jorge e Camões, talvez houvesse um cantinho para mim, para minhas palavras. Não faço questão de ocupar compridas prateleiras de cedro em bibliotecas históricas, com luxuosas encadernações. Até um pequeno espaço num móvel de mdf, na certeza de que seriam lidas vez em quando... Ah quem dera...

Queria mais... Mais que estética literária, mais que beleza formal, mais que pessoas deleitando-se com elas... Eu queria efeito... Efeito real nas pessoas. Animar uma alma, alegrar um sofrido, arrancar risos de um obtuso. Quem sabe alegrar-me-ia saber que uma lágrima rolou (emocionada) por conta de minhas palavras.

Não...

Jamais serei como os grandes que ganhavam festivais, animavam saraus, alimentavam amores platônicos...

Meu Deus... Quantos amores surgiram por causa de palavras reunidas em poesias. Cantadas ou faladas, elas aproximavam pessoas, entrelaçavam corações, fundiam almas. E o amor assumia completamente a culpa de atos que tinham, como autora intelectual, as palavras.

Estas, que por aqui se encerram, não prometem nada, não causam nada. Apenas vagueiam em meio a olhos curiosos em busca de um punhado de frases que façam valer a pena serem lidas.

E, se seus olhos chegaram até aqui, muito obrigado pela atenção dispensada em minhas palavras.