A Sentinela ( Indgnação e Repulsa )
Amanheceu e continua chovendo
Não consigo entender ainda o que está acontecendo
Vejo mães perdendo a razão, quando é arrancado o sentido de suas vidas
Homens engravatados cometendo crimes encontrando fáceis saídas
Mantendo em suas faces um sorriso ensaiado
Com seus bolsos cheios de dinheiro lavado
Hoje ganhei um carrinho de brinquedo e fiquei muito contente
Pois ele vale cada centavo de um trabalho honesto e decente
Sorrindo abracei minha mãe em agradecimento
Alegre e também grato a Deus pelo raro momento
Mas a doença incurável com seus sintomas ainda corrói a sociedade
Com seus surtos de corrupção e impunidade
Em busca do controle total de um império capitalista
Com promessas doces que embelezam seus minutos na propaganda eleitoral gratuita
Mas eu não acredito no que dizem e ainda procuro respostas
“Quem vai saquear os cofres públicos dessa vez? Façam suas apostas!”
Da minha janela vejo tudo, e estou de mãos atadas
Assistindo ao jornal noticiando sobre um trabalhador que foi morto a facadas
Os errados somos nós quando viramos as costas à solução
E conversamos sobre a novela das oito comendo nosso arroz com feijão
Casando, fazendo bebês e se sustentando com um salário abaixo da média
Pagando por juros absurdamente desrespeitosos em um Brasil “Sem Miséria”
Calados quando envolvidos pelo “confortável” comodismo que nos abate
Sem se quer protestar pelos nossos direitos, esperando que Deus venha e nos resgate
Se estas palavras de forte impacto e relatam a ferida honra da classe trabalhadora
Veja aquela senhora humilde que chora enquanto empunha sua vassoura
Que perdeu suas esperanças para a violência das noites em uma esquina traiçoeira
Onde ônibus circulam lotados nos sufocando, mas não há outra maneira
Somos vítimas de crimes bárbaros com requintes de crueldade
Até eu, uma indefesa criança, não escapei dessa dura realidade (...)