Pais e Mães

Ser Pai e mãe .

Ao pegar a estrada tenho percebido o grande número de carros que nos últimos tempos tem aumentado de maneira notória. Carros, de todos os tipos marcas e modelos, desde os mais sofisticados ao popular, caminhões enorme cortam as rodovias, trazendo e levando o valores que chamamos de riquezas o progresso da modernidade.

Essa semana passando por uma cidade da nossa região a mesma, estava em luto, por um trágico acidente que ceifou a vida de 4 moradores jovens.Pela descrição dos fatos do acidente além de ficar pensativo, lembrando-me da dor dessas famílias, dos amigos, fui mais longe, na imaginação da dor da saudade, que a poetiza Cecília Meireles narra em um de seus poemas assim"E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”

Que pena a vida ser só isto, para esses jovens, a vida foi como aquela música que você ama tanto está tocando no rádio e vem uma outra pessoa e tira da sintonia, interrompendo-a pela metade, assim são as vidas de muitos elas sãos interrompidas pela metade, e quando isso acontece fica a triste sensação da saudade que não era a hora de terminar. Me veio a imagem dos pais ao receber uma notícia dessa, de madrugada e somente quem já passou por episódio assim sabe o que estou escrevendo, aquele telefonema de madrugada aquela voz desconhecida, fria,desconcertante amedrontadora naquela madrugada em que o pais estavam acordados a esperar pelo seu filho, como a narrativa do lindo poema da Oração da Maçaneta

(Gióia Júnior)

Não há mais bela música

que o ruído da maçaneta da porta

quando meu filho volta para casa.

Volta da rua, da vasta noite,

da madrugada de estranhas vozes,

e o ruído da maçaneta

e o gemer do trinco

o bater da porta que novamente se fecha

o tilintar inconfundível do molho de chaves

são um doce acalanto

uma suave cantiga de ninar.

Só assim fecho os olhos

posso afinal dormir e descansar.

Oh! a longa espera,

a negra ausência

as histórias de acidentes e assaltos

que só a noite como ninguém sabe contar!

Oh! os presságios e os pesadelos,

o eco dos passos nas calçadas

a voz dos bêbados na rua

e o longo apito do guarda,

medindo a madrugada,

e os cães, uivando a distância

e o grito lancinante da ambulância

E o coração descompassado a pressentir

e o martelar

na arritmia do relógio do meu quarto

esquadrinhando a noite e seus mistérios.

Nisso, na sala que se cala, estala

a gargalhada jovem

da maçaneta que canta

a festiva cantiga do retorno.

E a sua voz engole a noite imensa

com todos os ruídos secundários.

Oh! os címbalos do trinco

e os clarins da porta que se escancara

e os guizos das muitas chaves que se abraçam

e os festival dos passos que ganham a escada!

Nem as vozes da orquestra

e o tilintar dos copos

e a mansa canção da chuva no telhado

podem sequer se comparar

ao som da maçaneta que sorri

quando meu filho volta.

Que ele retorne sempre são e salvo

marinheiro depois da tempestade

a sorrir e a cantar.

E que na porta a maçaneta cante

a festiva canção do seu retorno

que soa para mim

como suave cantiga de ninar.

Só assim meu coração se aquieta

posso afinal dormir e descansar.

Ser Pai é sempre acreditar que eles irão voltar...

jafjaf
Enviado por jafjaf em 23/06/2011
Código do texto: T3053227