Orkut: a prova de um mundo pequeno?
Há cerca de seis ou sete anos, li um artigo da Cornell University que dizia que a distância entre um ser humano e outro, em qualquer ponto da Terra, em quaisquer dois países distintos, em diferentes altitudes, latitudes e longitudes, é de seis pessoas (ou menos). Isso é simplesmente fascinante, e abre portas para compreender a vastidão de um mundo globlalizado, informado, on-line.
Apesar de ser um pouco espantosa a idéia dos "Seis Graus de Separação" (associação feita por John Gare e utilizada na peça homônima, em 1993), que sugere um mundo pequeno, onde você e o jornalista vietnamita Nguyen Vu Binh são, no máximo, primos de sexto grau, revoluções como a Internet vão, dia a dia, mês a mês, ano a ano, impondo essa nova realidade. E embora a curva populacional esteja descendendo, e a da informação ascendendo, quando se contam sete bilhões de homo sapiens no planeta, isso passa a assumir proporções assombrosas, e é palco de inúmeras discussões. Não com a intenção de questionar o modelo proposto pelos pesquisadores da Cornell (que foi testado empiricamente), mas indagando o papel da Internet como aproximadora dos primos, ou melhor, como diminuidora dos "graus".
Esta fórmula de aproximação foi comprovada de maneira muito convincente com a invenção do programador turco Orkut Buyukkokten. Orkut, que tem 29 anos e trabalha para a gigante Google, criou, há menos de um ano, em suas horas livres na empresa, um serviço que leva seu próprio nome, e cuja promessa é aproximar o mundo com uma eficiência jamais imaginada. E isso tem provocado um rebuliço virtual muito interessante.
Hoje já é possível reencontrar parentes, amigos de infância, ex-colegas de trabalho e escola, antigos relacionamentos, e mesmo conhecer uma quantidade considerável de pessoas de outras cidades, estados, países. Estamos a um scrap da grande maioria da população que utiliza Internet no mundo... E o mais interessante é comprovar a regra dos seis na prática, visitando profiles impossivelmente distantes, e vendo a listagem de amigos necessários para se chegar à pessoa. Incrível: nunca passa de seis. Nunca.
Talvez abandonemos em breve a idéia dos graus, e adotaremos a idéia dos friends of friends. O que, convenhamos, é uma idéia muito mais amigável, íntima.
Mas nada é eterno. É claro que, assim como muitas modas da Internet, o Orkut pode ser aposentado (ou esvaziado) nos próximos meses ou anos. Pessoalmente, acho difícil. Meu profile está ficando cada vez mais animado...