Eu me importo...

Dia desses, desabafando com uma amiga minha, conversamos sobre a minha constante, incansável e, aparentemente "insuportável", idéia de "mudar o mundo para melhor"

Pensei muito a respeito e, para não incomodá-la mas também não ficar comigo, resolvi escrever...

Eu já fui a pessoa mais intolerante que eu conheci. Achava um absurdo incontestável as pessoas não pensarem exatamente como eu pensava.

Além disso, eu não media as palavras que dizia, na defesa da idéia de "ser sempre sincera", eu magoei algumas pessoas, afastei outras, enfim... Confesso que, também, não estava muito preocupada. Afinal, "Como assim você se chateou só porque eu te disse a verdade? Seu cabelo está horrível, ué!"

Não existia meio termo, talvez, depende... tudo era como eu achava que era. Eu tinha certeza absoluta de tudo e, não gostou? Me faça um favor: Some!

É, pois é... Obviamente eu não tinha amigos.

Num dado momento, lendo a biografia do Mahatma Gandhi, repensei muitas coisas e, desde então, a minha vida mudou absurdamente. Eu aprendi a:

*Lidar com as diferenças: Nós somos diferentes, queiramos ou não. E é bom querermos, porque são estas diferenças que nos enriquecem. Não fossem os vários pontos de vista, não evoluiríamos. Foi porque alguém, em algum momento, questionou "tal coisa", que essa "coisa" se desenvolveu (Ahá!!).

*Lidar com contexto: Não há definições para "certo", "errado", "fácil", "difícil" e afins. Não há princípios, valores ou moral. É tudo questão de contexto. Estamos suscetíveis ao momento real do acontecimento, para então vermos nosso posicionamento, nossa reação perante ele. E o contexto é complicado, porque para compreendê-lo, é preciso envolver as referências que levaram o indivíduo à tal atitude.

*Lidar com ausência de julgamentos: Aprendizado que toma 100% de todos os processos do dia a dia. Não julgar alguém é o mais difícil. Você faz isso até sem maldade, mas faz. O que aprendi foi a trabalhar por onde o julgamento não venha nem no pensamento para que, então, não seja proferido (e então temos mais liberdade para sermos espontâneos). Para você julgar alguém, se ainda assim o fizer, você só estará "correto" caso tenha conhecimento sobre todas as variáveis que colocaram a pessoa naquela condição, e olhe lá! O mais legal deste aprendizado é não classificar mais nada. Tudo simplesmente "é"! E então encontramos a melhor forma com que conseguimos lidar com isso.

*Lidar com amor: Esse é o meu maior clichê, mas é verdade! O amor nunca falha. Eu digo que eu me afasto das pessoas quando percebo que eu não consigo mais lhes entregar amor. Para não entregar algo diferente do meu melhor, eu não entrego nada. Para qualquer pessoa, em qualquer situação. Eu não sei ser diferente. Aliás, não quero ser.

Outro fator importante deste aprendizado é que, uma vez seguros de nossos atos, estando bem conosco, nenhum fator externo nos abala as estruturas a ponto de nos fazer ruir. Decepções existirão, existirá sofrimento, mas quando agimos sem esperar algo em troca, não há frustrações. Os momentos são considerados "aprendizado", e todos são essenciais para o desenvolvimento.

*Lidar com a realidade: É. As coisas são como são e é óbvio que você pode mudar/melhorar. Mas o sonho anda em paralelo com a realidade. Não posso abrir mão de algum dos dois. Do sonho porque, afinal, é o meu sonho. E estar perto e conhecer bem a realidade, porque apenas assim conseguiremos mudanças reais, embasadas e possíveis.

Ler, eu sempre li muito, e agora estou lendo mais, aprendendo mais, conhecendo mais e querendo ainda mais. Criando mais e melhores conexões.

Com isso, algumas coisas simplesmente não me caem como "é assim mesmo, paciência!" ou "é assim e será sempre assim. eu não me importo!"

Sou prova viva de que mudar, para melhor, é possível.

Não é fácil, não é do dia para o outro, eu sei que cada um tem seu tempo de maturação mas... É POSSÍVEL!

E, no geral, eu me importo, e deixo isso claro!

Sabe por quê? Porque um mundo melhor é bom para mim, e para todos nós! =P

Hoje, felizmente, eu ouço o que as pessoas pensam e converso.

Quando alguém critica negativamente outra pessoa, mas também faz algo errado, eu aponto.

Afinal, é normal pensarmos que o nosso erro "pode", mas o erro do outro, "não pode"! E isso sim está errado! Então temos que adestrar o pensamento, mostrar que está errado.

Hoje minha mãe me falou sobre uma senhora de 80 anos, que fez a primeira tatuagem com 60. Essa senhora dizia: "Eu fiz a minha primeira tatuagem com 60 anos. Já tinha criado meus filhos, já tinha netos, já estava aposentada, já estava viúva... Hoje em dia, o pessoal faz tatuagem muito cedo, por onda de modinha, e estraga a vida, não arruma emprego!"

Ao que eu respondi: Tá errado! Não pode pensar assim. Estamos errados em julgar alguém pela aparência. Temos que enxergar uma pessoa, ao vermos alguém. Não temos que enxergar a "idosa", o "tatuado", a "anã", o "negro", o "deficiente", o "gordo, o "magro", o "alto", o "baixo", o "homo", o "hétero", a "mulher", o "homem", o "adulto" ou a "criança".

E outra, é certo a senhora ter esperado 60 anos para poder fazer o que tanto queria (hoje ela tem 50 tatuagens)?

E, se eu entro nessa linha de conversa quando me abordam com esse assunto, é porque eu entendo que é preciso mudar o jeito de pensar. E nós só conseguimos isso, tentando.

É recebendo informações que conseguimos desenvolver o raciocínio.

Vamos alternando as formas de comunicação, estilos de abordagem, até que uma vez: PIMBA! Acerta e consegue! E o resultado é incrível!

Tenho uma amiga há 10 anos, há 3 anos ou pouco mais, nos amamos demais e nos consideramos irmãs. Daquela que está sempre ali mesmo, sabe? Que eu sei que posso falar sem filtro, porque ela me ouve sem julgamento. Então nos entendemos muito bem, conversamos muito abertamente e sobre absolutamente tudo - até aquela parte bem suja que você não conta nem para você mesmo em voz alta, sabe? É. Pois é. É sensacional. Por vezes não nos falamos e parece que o dia não rendeu, porque não teve aquele momento em que você realmente pode ser você mesmo!

Ah, o que fizemos nos outros 7 anos? Brigamos! Brigamos dia e noite, via web ou via "bilhetinhos", nos deletamos e re-adicionamos no orkut e coisa e talz. Mas, sempre juntas. Acho que essa rebeldia era o processo de transformação e aceitação acontecendo nas duas. Aprendemos muito uma com a outra, justamente por pensarmos tão diferente.

E, felizmente, tenho uma outra amiga que é idêntica, só que a versão heavy metal, indispensável. Ela me dá choques de realidade da "pesada" que me resolvem todos os problemas numa tarde! Como? Brigando comigo.

A moral da história é entender que o caminho mais difícil, se enfrentado com naturalidade e com respeito pelo outro, pode ser muito melhor. E, normalmente é!

Sobre problemas sociais (que eu falo frequentemente que está tudo errado, e etc.), cada vez que você se acomoda ao que tem hoje, e acha que assim "está bom", você concorda, diretamente, com TUDO o que acontece. Durante o noticiário se lamenta pelas desgraças, massacres e tragédias (que PODERIAM E DEVERIAM ter sido evitadas) mas, na verdade, não vê a hora de começar a novela, para ter um "momentin" de descontração, né!? Como dormir sem saber se o Emiliano engravidou a Jucélia? Ai meu deus... PÁ! Menos uma criança na escola do realengo.

Não, não sou santa, nem pretendo. Mas as coisas erradas que eu faço eu sei que são erradas. Eu sei o que eventualmente pode acontecer em decorrência delas. E eu sei discutir sobre de forma suficiente, e não na defesa. E, sabendo disso, eu não me faço de desentendida e/ou fico me lamentando quando vejo algumas dessas consequências por aí... Até porque, o buraco é mais embaixo!

Não é dinheiro, é cultural (contexto, lembra?).

E mudar a cultura (todo um contexto), leva um certo tempo. Não posso dizer que temos tempo sobrando...

Se eu fosse comparar a vida que levamos hoje, pensando no que poderia ser - se quisessemos -, utilizando a música, eu entendo que aceitar a atual situação, sem questionamentos reais, é como se pudessemos escolher entre viver escutando, sob certa dificuldade inicial, Queen* ou, porque é mais fácil, viver escutando Tiririca ou semelhante.

Então, quando alguém vem conversar comigo, ultimamente, eu pergunto: você quer conversar a respeito (o que eu entendo que a pessoa queira compartilhar pontos de vista), ou quer apenas que eu escute?

Vamos mudar de assunto...

Nossa, olha que linda essa blusinha, né!?

Humm... não!

Ah Dinah! hahahaha

Uma pena

Dinabinha
Enviado por Dinabinha em 15/06/2011
Reeditado em 16/06/2011
Código do texto: T3037422