A CARIDADE LIBERTA

A CARIDADE LIBERTA

Devemos lembrar que Jesus já falara dela dizendo que “fora da caridade não há salvação”.

Mas... o que é caridade? Seria fazer o bem a outrem? No fim deve ser isso mesmo, mas podemos enxergar por outro ângulo.

Devemos lembrar que Jesus falava por parábolas. Mas se Jesus nos ensinou que fora da caridade não salvação, proponho uma pergunta:

...por que a caridade nos salva?

Ela nos liberta.....de que? E como podemos praticá-la? Responderemos adiante, antes lembremo-nos do exemplo das senhoras que doavam 1 dia por semana , ou algumas horas para confeccionar roupas para os pobres. Seria esse um bom exemplo de caridade? Depende...

E se elas estiverem fazendo as roupas “apenas” para mostrar para a sociedade como são boas? Mas independente disso é verdade que o agasalho chegará aos necessitados....mas isso não as liberta.

Ih...isso está ficando complicado... Nós estamos falando sobre a verdadeira caridade, a que liberta. E cabe nesse momento trazer um ensino de Jesus:

Que sua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Tal lição nos mostra que aqueles que querem receber as recompensas de seus atos na Terra, estão abrindo mão das recompensas do céu. Ora, se a senhora quis ser reconhecida por sua bondade, ela não fez a caridade por amor ao próximo, mas para enaltecer seu próprio ego. Ela está presa ao EGO ...precisa se libertar. Qual o caminho? A caridade verdadeira.

Sabe o que mais? Essa “caridade”, falsa, acaba se tornando uma verdadeira armadilha para quem a pratica, pois a pessoa acaba acreditando que é boa e caridosa e fica nessa zona de conforto. Presa em seu egoísmo. Opa! Ai está uma pista do que a caridade nos liberta...de nosso egoísmo.

E como identificar o egoísmo? Como ele se manifesta? Qual sua forma?

Normalmente o egoísmo está associado ao poder, ou melhor, ao FALSO poder. Vamos citar exemplos de pessoas que se sentem poderosas principalmente em nossa sociedade ocidental?

BELEZA FISICA/SAUDE PERFEITA – Não é verdade que as pessoas invejam os bonitos e saudáveis? Que em seu extremo exercem um certo fascínio em nós? Que a sociedade “paga pau”para tais pessoas? Ou seja, elas exercem um “poder”sobre os demais...

DINHEIRO – Nem precisamos nos alongar na explicação: O dinheiro e tudo o que representa torna o rico uma pessoa que detém o (falso)poder.

CARGO – Numa empresa, no governo ou mesmo em uma instituição.

Aliás, vamos cutucar a onça de perto. UM DIRIGENTE religioso exerce um tipo de poder entre as pessoas, os MEDIUNS exercem algum poder sob as pessoas.

Quando detemos algum desses “poderes” e começamos a acreditar que eles são importantes, passamos a ser seus escravos. Começamos a inflar nosso ego e nos alimentar desse ópio chamado poder, essa coisa viciante e alienante chamada poder.

Me ocorre agora um ditado se não me engano grego: “É preferível possuir uma moeda que ser possuído por duas moedas” É preferível ter muito pouco a ser escravo de muito.

OK, e o que a caridade tem com isso? Ora , a pratica da caridade é o exercício,, a “fisioterapia”que dispomos para nos libertar. Pois ao praticá-la, vamos deixando as coisas do EGO, vamos ficando leves e finalmente conquistamos as chaves do céu.

Voltemos às senhoras caridosas. Imaginemos que algumas delas ainda apegadas ao ego e aos compromissos sociais arrumam em suas agendas algumas horas semanais e com isso tranqüilizam suas consciências. A boa noticia é que esse ato pode ser um bom começo. Elas podem ter começado “errado”, buscando o alimento do ego, mas, mais cedo ou mais tarde, a pratica fará com que sejam tocadas e perceberão o quanto é gostoso praticar a verdadeira caridade . Se sentirão leves ( começa a libertação) e passarão mais e mais horas praticando a caridade .

Mas aqueles que já me ouviram falar que não conseguimos fazer o mal ou o bem a outra pessoa, senão a nós mesmos podem perguntar. Mas a caridade não é fazer o bem ao outro? Mais ou menos. Nós podemos saciar a fome de um órfão, mas depende dele trilhar ou não o caminho para a luz. Aliás, devemos sim sempre fazer o que estiver ao nosso alcance pelo outro, mas como saber se ele aproveitará aquilo ou não?

Na verdade quem pratica a caridade está fazendo um bem a si mesmo, pois estará se libertando de seus poderes e afazeres. Quando passamos horas nos entregando a outrem nos afastamos do ego , afastamento esse que é o caminho da libertação.

Ao consolarmos uma mãe que perdeu seu filho, estamos, entre outras coisas, consolidando em nós os conceitos da doutrina de que a morte não existe e que a vontade de Deus é soberana, sabia e amorosa, mesmo que no momento não a entendamos. E com esses conceitos sendo arraigados em nosso intimo estamos nos preparando para nossas próprias perdas.

Quando espalhamos ao nosso redor energias de otimismo e amor tocamos os corações de muitos e essa energia retornará para nós multiplicada. Ou seja, ser caridoso é um “bom negocio”. Vou repetir uma frase que ouvi há muitos anos:

Se o malandro soubesse como é bom ser honesto, o seria por malandragem. Vou plagiar:

Se o egoísta soubesse como é bom ser caridoso, o seria por egoísmo.

Voltemos ao exemplo das senhoras, mas dessa vez, não as do Evangelho. Vamos falar de coisas mais próximas do nosso cotidiano. Que tal falar de nossas vizinhas? É bom falar da vida delas Né? Olha ... os olhinhos de alguns aqui até brilharam!!!,

Vamos falar das senhoras(e senhores) que freqüentam os clubes sociais:

Clube da Lady, Rotary, Lions...Aliás, por que não acrescentarmos aqui os templos religiosos? Todos são muito uteis à nossa sociedade. Dentro de suas limitações, entregam mantimentos, promovem campanhas, mostram um bom caminho para trilharmos.

OK, mas quantos freqüentadores desses clubes ou igrejas caíram na armadilha que JÁ ESTÃO FAZENDO SUA PARTE pelos outros e suas consciências estão tranqüilas? Ora , como podemos ter a consciência tranqüila quando pelo menos um de nossos irmãos ( e me refiro a toda a humanidade) passa fome, não consegue uma vaga no hospital apesar da gravidade de sua doença? Como podemos ter a consciência tranqüila por dar uns trocados de nossa fartura enquanto milhares de jovens zumbis se perdem nas cracolandias espalhadas em todos os cantos do planeta? Como podermos estar felizes por estarmos em contato com Jesus em qualquer templo se deixamos os pequenininhos desamparados? Não foi isso que Ele nos ensinou.

Caros: Nenhum de nós atingiu a perfeição. Todos somos mais ou menos prisioneiros de nossos egos. Buscamos o poder ilusório do corpo perfeito, da conta bancaria polpuda, do cargo mais importante.

Mas o que verdadeiramente deveríamos nos preocupar e ser nosso NORTE, o objetivo de nossas vidas é praticarmos a verdadeira caridade, aquela que nos liberta, que nos deixa leves.

A caridade é a parte visível do AMOR. O AMOR, esse sentimento que transforma, que liberta , que ilumina.

Façamos como a viúva que dando uma única moeda foi citada por Jesus, pois ela se desprendeu de tudo o que tinha em nome da caridade. Não sejamos hipócritas comprando nossas consciências com doações generosas a alguma instituição. Podemos doar sim, mas precisamos também nos transformar, nos libertar.

Pratiquemos a caridade lembrando que isso se começa em casa. De que adianta ir a uma creche posando de bonzinho e pegando um órfão no colo por alguns minutos se não conseguimos conversar 10 minutos com nosso filho?

Eu conclamo a todos! Tiremos as mascaras. Olhemos para nosso EU verdadeiro e nos perguntemos se estamos caminhando pelo caminho indicado por Jesus, alimentando nossas almas, trabalhando para corrigir nossas tendências negativas ou se estamos alimentando nosso ego buscando falsos poderes, falsas riquezas, quimeras.

A caridade liberta... Exercitemos a caridade; O amor transforma, pratiquemos o amor. Mas façamos isso em todos os momentos de nossas vidas e não apenas dentro de nossas igrejas e instituições.

Amem.

Edson Montemor
Enviado por Edson Montemor em 22/05/2011
Reeditado em 20/07/2011
Código do texto: T2986644