BANDEJA PRONTA
24.04.1996.Não há como se resumir assunto tão áspero e extenso em tão poucas linhas e em tão pouco tempo vivido; deixo aos filósofos e que façam uso de toda celulose disponível para interpretar a vida.
Sinto ser possível interpretar momentos, lascas e, igualmente, de minha vida apenas e talvez. Ainda assim, no direito de mudar tais conclusões no passar dos anos, já que nossos prismas se alteram com a maturidade.
Posso dispor de uns pedaços isolados e interpretá-los: sei florear, fazer arranjos, dispor dos fatos na ordem que me for conveniente e cercá-los de hipóteses, teses, senões e outros da hermenêutica.
Podemos criar quase tudo, menos a vida. O bem e o mal já estão criados e bem crescidinhos; podemos torná-los universais e particularmente, tenho pena dos criadores do bem e do mal. Abomino os conselhos práticos, gosto de ir mais fundo; não me contento com superficialidades.
Análises, sínteses, verdades, demonstrações, métodos para a explanação e etc. Conhecimento teórico dos fatos sucedidos; motivos e consequências lógicas. Podemos fazer tudo isso.
Somos únicos, quando libertos do cabresto, avessos à bandeja pronta. Somos livres quando pensamos.
Podemos nos espelhar em conclusões alheias, mas até para que isso ocorra é preciso termos condição de assimilar bem; desintoxicados do inútil, uma visão desprendida de conceitos tidos como universais.
Influências: não há como escapar; tudo ou quase tudo já foi pensado anteriormente, fica, portanto difícil sermos criadores de “neo-pensares”, porém suave e agradável é ser livre.
(nessa época ainda não havia tido nenhum tipo de contato com Nietzsche ou algo parecido com mesmo)