Homilia na missa do Crisma 2011, Mozarlândia - Goiás
Mozarlândia - Go., 21/04/2011
Amados sacerdotes, religiosas, leigos e leigas consagrados, seminaristas e Povo de Deus aqui presente, amados ouvintes da Rádio Vale FM de Rubiataba, Deus seja louvado.
01.Deus nos reúne nesta manhã na Co-Catedral de Mozarlândia para esta significativa celebração eucarística de louvor e gratidão pela instituição do ministério sacerdotal.
02.Nossa Igreja Particular se rejubila neste dia pela vida e missão de nossos abnegados sacerdotes que, na unidade, cumpre o mandato missionário de Jesus: “ide e anunciai”.
03.Todos os anos esta missa é esperada com alegria e entusiasmo pelos sacerdotes e pelos fiéis. Nesta missa manifesta-se o mistério do sacerdócio de Cristo, participado pelos ministros constituídos em cada Igreja local, que renovam hoje seu compromisso ao serviço do povo de Deus.
04. O bispo, cercado pelos sacerdotes de sua diocese, na quinta feira santa, abençoa os óleos dos catecúmenos e dos enfermos e consagra o óleo do crisma (óleo misturado com perfumes). O óleo dos catecúmenos significa a força que liberta do mal, o óleo dos enfermos serve para sustentar os fiéis na provação da doença e o óleo do crisma significa o dom do Espírito no batismo, na crisma, na ordem e na consagração dos altares.
05.O tema da unção está muito presente nesta celebração. A primeira leitura é um prenúncio do Profeta Isaias acerca da Missão do Servo de Javé, o Messias. Jesus retoma este texto e o aplica ao seu ministério: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; 2para proclamar o tempo da graça do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; para consolar todos os que choram”.
06.Jesus é o Ungido do Pai, o Sumo e Eterno Sacerdote. O nosso sacerdócio decorre dele que nos chamou a sermos com Ele, dispensadores dos tesouros da Graça Divina mediante a pregação e a celebração dos sacramentos. A primeira leitura ainda nos recorda o que Deus falou ao coração do Profeta Isaias acerca dos escolhidos e consagrados: “Vós sois os sacerdotes do Senhor, chamados ministros de Deus. Eu os recompensarei por suas obras segundo a verdade, e farei com eles uma aliança perpétua”.
07. A recompensa do padre, por tudo que faz e pelo seu constante consumir, está na alegria das almas que chegam a Deus através do seu auxílio. Nossa missão não pode ser outra senão a de salvar as almas, conduzindo-as a Deus.
08. A Igreja se alegra sempre e, no dia de hoje, especialmente, por cada padre que renova suas promessas emitidas no dia feliz de sua ordenação. Renovar faz bem. Hoje é um dia também para recordar o dia de nossa ordenação, avaliar os passos dados e, se preciso for, retomar com ardor redobrado o caminho do serviço. Ser padre é uma questão de fé e só podemos entender a relevância e o valor absoluto de nosso ministério sacerdotal a partir da fé. Sem a fé, a Igreja e tudo que ela expressa, não passa de uma realidade inócua, sem sentido. Nada mais triste na vida de um sacerdote do que o esfriamento da fé e a falta do entusiasmo pelo primeiro amor.
09.A nossa Igreja Diocesana precisa do testemunho da fé de cada um dos senhores e do empenho missionário obstinado de todos. Os tempos são de combate e necessitamos aprimorar cada vez mais o dom da fé que recebemos no batismo e empenhamos no dia da ordenação sacerdotal para enfrentar o paganismo que cresce assustadoramente. Reporto-me ao Documento de Aparecida que nos ajuda a perceber que o “momento atual nos mostra situações que afetam e desafiam a vida e o ministério de nossos presbíteros. Entre outras coisas, a identidade teológica do ministério presbiteral, sua inserção na cultura atual e situações que incidem em sua existência” (DA 192).
10.”O primeiro desafio tem relação com a identidade teológica do ministério Presbiteral. O Concílio Vaticano II estabelece o sacerdócio ministerial a serviço do sacerdócio comum dos fiéis, e cada um, ainda que de maneira qualitativamente diferente, participa do único sacerdócio de Cristo”(DA 193).
11.”O segundo desafio se refere ao ministério do presbítero inserido na cultura atual. O presbítero é chamado a conhecê-la para semear nela a semente do Evangelho, ou seja, para que a mensagem de Jesus chegue a ser uma interpelação válida, compreensível, cheia de esperança e relevante para a vida do homem e da mulher de hoje, especialmente para os jovens” (DA 194)
12.”O terceiro desafio se refere aos aspectos vitais e afetivos, ao celibato e a uma vida espiritual intensa fundada na caridade pastoral, que se nutre na experiência pessoal com Deus e na comunhão com os irmãos; também o cultivo de relações fraternas com o Bispo, com os demais presbíteros da diocese e com os leigos. Para que o ministério do presbítero seja coerente e testemunhal, ele deve amar e realizar sua tarefa pastoral em comunhão com o bispo e com os demais presbíteros da diocese. O ministério sacerdotal que brota da Ordem Sagrada tem uma “radical forma comunitária” e só pode ser desenvolvido como uma “tarefa coletiva”. O sacerdote deve ser homem de oração, maduro em sua opção de vida por Deus, fazer uso dos meios de perseverança, como o Sacramento da confissão, da devoção à Santíssima Virgem, da mortificação e da entrega apaixonada por sua missão pastoral DA 195).
13. Em particular, o presbítero é convidado a valorizar o celibato, como um dom de Deus, que lhe possibilita uma especial configuração com o estilo de vida do próprio Cristo e o faz sinal de sua caridade pastoral na entrega a Deus e aos homens com o coração pleno e indivisível. “Na verdade, esta opção do sacerdote é uma expressão singular da entrega que o configura com Cristo e da entrega de si mesmo pelo Reino de Deus”. O celibato solicita assumir com maturidade a própria afetividade e sexualidade, vivendo-as com serenidade e alegria em um caminho comunitário (DA196).
14.O caminho para alcançar uma vida sacerdotal fecunda passa pela luta interior contra o orgulho e toda forma de estupidez. Somos chamados a sermos pastores humildes, serenos e afáveis, sem, contudo, perder a firmeza que consola, estimula e amadurece o rebanho quando exercida na força do Ágape de Cristo. Para tanto temos os preciosos remédios da Santa Mãe Igreja ao nosso dispor e ao nosso favor: a vida de oração, a Eucaristia diária, a Liturgia das Horas, a caridade, boas leituras e a reconciliação amiúde através do Sacramento da Confissão. Uma vida marcada pelo despojamento e pela pobreza é o indicativo de que estamos a caminho da santidade sacerdotal.
15. Santa Catarina de Sena teve um grande amor pelos ministros sagrados; ela dise palavras muito bonitas a respeito do sacerdote. Oxalá possamos alcançar em nossas vidas o que ela diz a respeito do sacerdote: “o sacerdote é alguém que ama imensamente a Deus. O sacerdote é alguém que ama imensamente os homens. O sacerdote é um homem santo, porque é alguém que caminha diante da face daquele que é três vezes Santo. O sacerdote compreende tudo, O sacerdote tudo perdoa, o sacerdote de tudo se compadece. O coração do sacerdote é coração transpassado como o de Cristo; transpassado, sim, pela lança do amor. O coração do sacerdote está sempre aberto, tal como o de Cristo, para que o mundo inteiro possa passar livremente através dele. O coração do sacerdote é um vaso de compaixão, o coração do sacerdote é um cálice de amor, o coração do sacerdote é o lugar do encontro entre o amor humano e o amor divino. O sacerdote é um homem que só tem um anseio: ser um outro Cristo. O sacerdote é um homem que só sabe uma coisa: viver para servir. O sacerdote é um homem que a tal ponto se deixou crucificar, que, agora, ele também pode ser erguido a fim de atrair ao Cristo tudo o que existe. O sacerdote é um homem que vive exclusivamente do amor de Deus. O sacerdote é o dom excelente de Deus ao homem, e é a dádiva que o homem oferece a Deus. O sacerdote é o símbolo do Verbo feito carne, o sacerdote é o espelho da justiça de Deus, o sacerdote é a mão que espalha a misericórdia divina, o sacerdote é o reflexo vivo do amor de Deus. Nada há, neste mundo, mais alto, mais digno, mais sublime do que um sacerdote... nada... nada, exceto o próprio Deus!”
16. Obrigado, amados padres, pelo testemunho e pelo trabalho de cada um dos senhores. Solicito, ainda, um empenho cada vez maior em favor do seminário e das vocações sacerdotais na Diocese. Precisamos ajudar os jovens a entender e a assumir o chamado ao ministério sacerdotal. O agente número um da Pastoral Vocacional na paróquia e cada um dos senhores. Juntos precisamos realizar o trabalho firme e persistente em favor das vocações.
16.Que a Santíssima Virgem Maria, Mãe dos Sacerdote, interceda por cada um dos padres de nossa Diocese, pelos seminaristas e vocacionados e pelos jovens para que abram seus coração ao seguimento de Cristo neste nobilíssimo ministério. Nossa Senhora, Mãe dos Sacerdotes, rogai por nós!