A Palavra certa é Deus

Por que agir como se Deus fosse apenas mais uma peça desse quebra-cabeça enorme que é a nossa vida? Sem Ele as outras peças não se encaixam, mas apenas formam figuras despidas de significado... Figuras tão disformes como nós mesmos ás vezes somos.

Quem nunca se sentiu como uma rasura em um canto qualquer da folha ou um daqueles erros ortográficos que precisam ser apagados para dar lugar à palavra certa? As rasuras e os erros não nos impedem de compreender o contexto, contudo podem dar margem a interpretações confusas como, por exemplo, o conceito de felicidade.

Buscamos alegrias tocáveis e mensuráveis: alegrias que usam roupa e penteiam o cabelo; que se desfazem em uma pista de dança e nos guiam em ritmos frenéticos; que gelam a mão em um copo espumante e queimam o estômago enquanto se dissipam, pois tudo – fatalmente – uma hora se dissipa.

E que dor pungente é essa quando a nossa alegria calça os sapatos e vai embora? Então você pensa que seu coração é removível ou, pelo menos, tudo que havia dentro dele foi retirado. Na verdade, foi você quem entregou seu coração a uma felicidade nômade e inconstante. Talvez tenhamos medo de ser constantes, pois a constância nos torna previsíveis e nos deixa a mostra tal qual somos: às vezes fortes e às vezes fracos.

Nenhum humano foi criado com uma capa impermeável para impedir a passagem de gotas salgadas de frustração. Frustrar-se é necessário para que conheçamos o prazer de um recomeço.

Quando recomeçar, saiba que a palavra certa é Deus e que Ele seja o quadro de madeira sobre o qual apoiamos o nosso quebra-cabeça...