O ateu e a esperança
O criacionista cristão, depois de muito conversar com o ateu, disse-lhe: "sinto pena de você. Eu tenho um céu maravilhoso ao meu dispor, a eternidade para viver com Deus e você, meu amigo, nada tem reservado de bom para o futuro".
O ateu respondeu: "você, amigo criacionista, parte do pressuposto de que eu estou errado e você, claro, está certo. Como tenho convicção diferente eu é que sinto pena de você. Eu não me preocupo se tenho um céu a ganhar e não temo o inferno que precisaria ser evitado. Assim como não me lembro de nada ocorrido, antes de minha existência, não terei qualquer tipo de consciência, tão logo eu venha a falecer. Que dor isso me causará? Enquanto isso sigo minha lida, vivendo decentemente cada minuto de minha vida como se fosse o último. Não tenho depressão e me sinto um felizardo, pois para que eu viesse à existência, trilhões de "pessoas potenciais" deixaram de existir. A combinação única entre trilhões me trouxe à vida e eis-me aqui. Tenho o principal, que é a vida, não ficarei triste, caso não obtenha suposto acessório..."
Moral do conto: o criacionista cristão, com base em fé (subjetividade total), sente pena do ateu, que já assumiu que sua vida é finita, breve e ainda assim vive, vive e vive - como se talvez não pudesse chegar ao amanhã. Mais: não é incrível como não tendo um céu a ganhar, nem um inferno a evitar, o ateu vive dentro dos parâmetros legais/morais e tendo as mesmas alegrias e tristezas comuns a todos os homens?
Por quem, efetivamente, dever-se-ía sentir pena?