Ode à mulher

Creio na mulher que ama,

Creio na vida que proclama.

Creio naquela que não corre

E na que socorre,

Quando um homem fraco,

Nos seus braços chora

E de amor implora

Que ela não se vá.

Que me perdoem as feias –

obrigado, mestre –

que se tornam feias,

por se acharem assim:

tão sem força e sem coragem,

amedrontadas e recalcadas;

mas que me perdoem,

sobretudo,

as belas fugazes,

as que se vêem divinas;

e, por seu efeito gabolam,

corrompem e se atolam.

Fora com a mulher submissa!

A mulher omissa,

Que apanha de vara,

Que apanha na cara;

E do alto de sua torre de autopiedade,

Suicida-se pouco a pouco.

Fora com o homem forte!

O homem que não chora

E nunca implora;

E do cume de seu pedestal,

Protegido por densa capa de impunidade,

Espalha a maldade,

Comete atrocidade.

Pobre diabo!

Mulher,

Que desça, vez por todas, sobre ti a consciência,

Quebra os grilhões da servidão

Para que deixes de ser um mero objeto de arte,

Escrava de teu próprio conformismo.

Luta com coragem!

Mas se te serve o conselho de um homem fraco,

Não te pareças com os homens fortes:

Sê feminina, sê menina, sê mulher!