Desabafo de um idoso.

Quem sou eu? Vou começar te dizendo quem eu fui. Eu fui jovem, tinha garra, disposição, inocencia.

Eu tinha o mundo a minha frente, a vida a ser vivida.

Mas o tempo foi passando e com ele fui passando também.

Hoje já não tenho a mesma garra, a mesma disposição e nem a mesma inocencia.

Hoje sou fraco e cansado. Mas nas minhas rugas, trago as vitórias e as derrotas, os sorrisos e as lágrimas de um tempo que não volta mais.

Hoje, sou sua história, seu futuro, sua memória.

Sua certeza do amanhã...mas dores que trago nas costas, existe um pouco de luta em busca de um mundo melhor.

Existe a certeza de que um dia eu fui como voce, só que agora eu sou jogado, esquecido num asilo qualquer, até que a morte me leve e vá morar em outro lugar.

Agora voce se esquece que um dia eu fui voce e que amanha voce estara no meu lugar.

Agora voce se esquece que eu fui a vida e que hoje espera a morte para te dar meu lugar nesse mundo.

Agora voce se esquece e me deixa sem amparo, sem afeto e não me dá abrigo que um dia eu lhe dei, não me alimenta como te alimentei.

Eu sei que quando a idade aperta nos tornamos estorvos, difíceis de se aturar.

Nós estamos tão perto do adeus que não é tão insuportável assim a nossa presença, afinal, suportamos por muito mais tempo a sua presença, só que suportamos com amor, com alegria. Não nos abandone na hora em que mais precisamos.

De-me a mão, ampare-me nessa última caminhada por essa vida, é só o que te peço.

George DAlmeida
Enviado por George DAlmeida em 16/12/2010
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