Convivendo com o medo

Seria interessante se pudéssemos escolher com quem e com o que conviver. Certamente o medo seria um dos últimos da lista de preferência. Conviver com o medo é rotina obrigatória das pessoas no dias atuais. A proporção aumenta de cidade para cidade e de família para família.

No Brasil o convívio com o medo não se restringe apenas aos perigos ofertados pelo cotidiano maluco. Existem as questões da alma que colocam o medo numa escala elevada e íntima. Conviver com o medo é um pesadelo. É como sonhar acordado.

Nas manchetes dos jornais terrores mil. Carro bomba, crise nos Estados Unidos, preocupação com os efeitos nunca vistos antes da globalização. O mundo ficou pequeno e de fácil destruição. A informação antes tão útil para prevenir serve para elevar o nível do terror. Tudo chega ao conhecimento das pessoas de forma rápida. É preciso ter coração de leão. É preciso conviver corajosamente com o medo.

No mundo do medo os outrora refúgios também têm promovido o pavor. Quando tudo parecia falhar bastava o joelho em terra, uma ida à igreja para que se obtivesse um pouco de paz. Hoje não! As igrejas oferecem um tipo especial de medo. Medo de ser objeto do estelionato da fé, medo de uma instituição financeira com disfarce de igreja. Medo de uma fé promovida conforme a conveniência...

Não existe lugar no mundo que possibilite a paz aos homens sem fé e com fé. Medo da falta de alimento, da superpopulação, dos políticos desalmados, do efeito estufa, da colisão de um meteoro, medo dos mercadores da fé...

O homem precisa conviver com o medo. Não há como espantar esse colega que o acompanha como se fosse uma sombra.

É momento de medo e também de serenidade. O mundo está passando por um período especial envolvendo a maior potência econômica e militar do planeta! Um medo global emerge. É preciso pelo menos enxergar o que acontece.

É fundamental prestar atenção no que dizem os “profetas” de plantão que tentam readequar suas premonições ao novo cenário que se avizinha. Mais um motivo para se ter medo. Medo dos abutres de plantão que sempre localizam um método para implementar o engodo. Cuidado...

É mister exercitar a coragem para conviver com o medo. É imprescindível ser inteligente o suficiente para não ser enrolado pelos marqueteiros da fé, que sempre adaptam suas mensagens aos acontecimentos do momento. Usam catástrofes naturais e ações humanas. Notem que tais adaptações entram em contradição absoluta com as “profecias” de outros tempos...