Ao invés de um bom dia
11 de junho de 2009
Ao invés de um bom dia, recebo a notícia do seu falecimento.
A nossa figura patriarcal se despedia de forma irônica
Sim, de forma irônica, porque logo aquele velhinho que dava trabalho.
Fecha os olhos para sempre em um feriado.
Nenhum filho ou neto terá de abandonar suas obrigações para visitá-lo hoje.
Os que poucos te viam, hoje o visitarão.
Sei que eu não tenho moral para falar isso, porque também pouco te visitava.
Cortava-me o coração ver os 94 anos pesando sobre você, ver sua memória quase nula e seu corpo não respondendo suas vontades.
Hoje também não tive coragem de me despedir de você...
Sim, sou fraco e egoísta.
Meu egoísmo chega ao ponto de não querer levar a imagem a sua dentro de um caixão pelo resto de minha vida.
Quero levar as boas imagens de minha infância e adolescência.
As compras que me pedia para fazer e me dava umas moedas quando eu retornava.
Beber “fanta limão” no balcão da nossa antiga venda.
Lembrar das pernas fracas que andavam se arrastando até meu quarto só para me dar um abraço e boas risadas.
Das farras que fazia quando eu retornava da escola e passava na sua casa para conversar, dar abraços e até contar mentiras absurdas só para você perceber e me chamar de “sem vergonha”.
Ou parar no portão da sua casa de noite fingindo ser outra pessoa e sua vista fraca não reconhecer e quando eu me aproximava da luz escutava um “era você seu danado!”.
De parar ao seu lado no portão para olhar as mulheres que passavam e rir dos seus comentários.
Das histórias que chegavam a nossa casa, de como você aprontava. Os efeitos que a idade causava no seu comportamento às vezes até nos divertia.
Quero lembrar desde bons momentos até os ensinamentos.
Bons momentos que passaram por quatro gerações.
Todos sabiam que isso ia acontecer cedo ou tarde devido a sua idade, mas a despedida é muito dolorida.
Não consigo descrever a dor que eu sinto agora.
Um pedaço de mim também morre hoje.
Acabou seu sofrimento, descanse em paz meu avô...
11 de junho de 2009
Ao invés de um bom dia, recebo a notícia do seu falecimento.
A nossa figura patriarcal se despedia de forma irônica
Sim, de forma irônica, porque logo aquele velhinho que dava trabalho.
Fecha os olhos para sempre em um feriado.
Nenhum filho ou neto terá de abandonar suas obrigações para visitá-lo hoje.
Os que poucos te viam, hoje o visitarão.
Sei que eu não tenho moral para falar isso, porque também pouco te visitava.
Cortava-me o coração ver os 94 anos pesando sobre você, ver sua memória quase nula e seu corpo não respondendo suas vontades.
Hoje também não tive coragem de me despedir de você...
Sim, sou fraco e egoísta.
Meu egoísmo chega ao ponto de não querer levar a imagem a sua dentro de um caixão pelo resto de minha vida.
Quero levar as boas imagens de minha infância e adolescência.
As compras que me pedia para fazer e me dava umas moedas quando eu retornava.
Beber “fanta limão” no balcão da nossa antiga venda.
Lembrar das pernas fracas que andavam se arrastando até meu quarto só para me dar um abraço e boas risadas.
Das farras que fazia quando eu retornava da escola e passava na sua casa para conversar, dar abraços e até contar mentiras absurdas só para você perceber e me chamar de “sem vergonha”.
Ou parar no portão da sua casa de noite fingindo ser outra pessoa e sua vista fraca não reconhecer e quando eu me aproximava da luz escutava um “era você seu danado!”.
De parar ao seu lado no portão para olhar as mulheres que passavam e rir dos seus comentários.
Das histórias que chegavam a nossa casa, de como você aprontava. Os efeitos que a idade causava no seu comportamento às vezes até nos divertia.
Quero lembrar desde bons momentos até os ensinamentos.
Bons momentos que passaram por quatro gerações.
Todos sabiam que isso ia acontecer cedo ou tarde devido a sua idade, mas a despedida é muito dolorida.
Não consigo descrever a dor que eu sinto agora.
Um pedaço de mim também morre hoje.
Acabou seu sofrimento, descanse em paz meu avô...