Conhecimentos e crenças
“É muito difícil possuir conhecimentos e muito fácil adquirir crenças”. (Gustavo Le Bon).
Alguém poderá dizer que é contra a complicação e adepto da simplificação. Essa mesma pessoa poderá afirmar que a beleza da crença está justamente em sua simplicidade, questionando quem procura se cercar de conhecimentos para fortalecer ou negar a mesma fé.
É natural que a massa opte pelo que é mais fácil, assim como é natural que o rio corra para o mar. Parece bem mais lógico. Mas no “campo” das idéias o que parece correto: optar pelo conhecimento ou pela crença? Podemos afirmar que tal crença, sem o efetivo conhecimento, tem valor? Podemos asseverar que partir do conhecimento para a crença é o caminho a ser trilhado?
A opção da maioria para o que é mais simples tem criado legiões imensas de prosélitos. Pessoas que crêem conforme a necessidade ou conveniência. O conhecimento pode trazer uma decepção. Há quem opte pela ilusão, para fugir do desapontamento. Há quem busque o conhecimento para que não tenha decepção. Há quem prefere o amargor da decepção ao doce amparo da ilusão.
Isso quer dizer que crença é ilusão? Não é bem assim. De igual modo não podemos dizer que crença é a verdade.
Como chegar à verdade ou aproximar dela? Ao que me parece o único caminho é aquele que conduz ao conhecimento.
Adquirir conhecimento é difícil. Requer quebra de preconceitos. Requer coragem. Requer rompimento com a tradição. Requer disposição para ser solitário. Requer reflexão. Requer força para suportar eventuais dores. Requer muito mais...
A crença é fácil. Basta querer acreditar. Basta não questionar o que é apresentado. Basta seguir o caminho apontado por outros. Basta apenas permitir que alguém conduza os passos. Bastam mais posturas de aceitação...
Adquirir conhecimento requer rompimento com a alienação? A crença faz da alienação uma arma poderosa?
No final pode acontecer uma grata surpresa: o palmilhar do conhecimento nos conduzir ao mesmo lugar no qual se encontra aquele que simplesmente optou por crer. Pode ser que não exista uma grata surpresa. Pode ser que haja, apenas, a verdade, nua e crua.
Quem, no fim, estará preparado para conviver com possível verdade desagradável: o que busca conhecimento ou aquele que se sustenta nessa crença?
No que tange à verdade não adianta fugir. “Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. A verdade não faz pacto com as pessoas (nem com o crente) ela simplesmente é!