Pessoa em pessoa

Fernando Pessoa era um autor inconstante e que usufruía sua personalidade em vária facetas, denominadas como seus Heterônimos. Tinha uma visão tão amplificada que para isso não poderia ser visto apenas como um só. Esta difusão de estilos e de formas de ser gerava então cada uma de suas “personas” como um ser realmente existente, e não apenas uma face inventada por Pessoa.

Podemos ter assim, dentro de seus estilos, traços de simbolismo marcante e do futurismo, onde o autor demonstrava estar à frente do seu tempo com o pensamento, como no caso de Álvaro campos.

Está também representado ainda no assunto, traços de simetria, harmonia e também uma face voltada para o bucólico, como é o caso de Ricardo Reis.

Evidentemente também se volta à faceta mística, de forma anti-metafísica e astrológica, apresentadas na máscara de Alberto Caeiro, que se torna um dos heterônimos mais heterogênicos de todos.

Em geral, é possível analisar a necessidade em que Pessoa sentia de dividir-se em heterônimos. Sua mente vinha por se expandir tão imensamente que se ele depositasse tudo apenas em si estaria se contradizendo em vários aspectos, sejam eles morais, filosóficos, sociais e até mesmo de opinião. Este fato gera muitas especulações até mesmo sobre Fernando Pessoa ter algum tipo de problema Psicológico.

Louco, santo ou poeta, Fernando Pessoa era capaz de se desdobrar, acima de tudo. Era capaz de ser o senhor da especulação das mentes dos desconfiados e também de trazer ao mundo todo seu universo interior traduzido como uma atitude voraz aos curiosos que tanto têm sede.

Podemos então ter um pouco de luz se analisarmos o drama em suas obras e não só em suas obras como também em sua pessoa própria, como também seu ato de reinvenção poética, que transformou em tudo os conceitos sobre poesia e sobre escrita: A escrita como um modo de viver, e de assumir-se como um personagem.

Fica então a reflexão: Quem somos nós em meio ao emaranhado de nós mesmo que existe no nosso próprio interior? Será que dentro de nós existem tantas pessoas como em Pessoa, ou será que até mesmo ele, era um heterônimo muito bem escondendo o verdadeiro autor que havia?