O ateu e o pecado
No mundo cristão pecado é transgressão da lei ou de preceito religioso. Neste mesmo mundo, o ateu é aquele que crê na inexistência de deus. A partir destas duas premissas emergem conclusões e quase todas falaciosas.
A principal delas decorre de um raciocínio torpe: o ateu não crê na existência de deus e, por esta razão, não enxerga motivo para cumprir uma lei religiosa. Concluem, portanto, que o ateu é um transgressor por natureza (ou escolha), pois não está sob a lei divina.
Esta forma de raciocinar impregnou o mundo cristão de tal modo que as pessoas sempre veem num ateu a cumplicidade com o erro. Erro, diga-se de passagem, somente enxergado pelo cristão e, segundo ele, ignorado pelos ateu. É razoável supor, dentro deste mesquinho pensamento, que todo ateu é ruim por convicção. Não é de se estranhar a maneira como os menos esclarecidos e os bitolados da fé cega e da faca amolada insurgem-se contra os ateus como se eles conspirassem contra a ordem, a moral e a ética.
Crianças desde o início da vida são induzidas a pensar assim. Tornam-se adultas preconceituosas e colaboram para que esta violência ideológica passe de geração para geração. O ateísmo e o pecado se confundem na mente dos cristãos modernos (como se fossem palavras sinônimas), o que sempre ocorreu no passado...
Hoje eu compreendo isso com mais facilidade. Costumo formular perguntas escolhidas e as dirijo a muitas pessoas que conheço. As respostas são sempre eivadas de preconceitos. Atualmente o preconceito contra o ateu é imenso e absurdo. Os pais cristãos acostumam-se aos casamentos entre pessoas de "raças" e "cores" diferentes. Até mesmo entre pessoas de religiões cristãs diferentes, mas casamento de cristão com ateu? Nem pensar...
Alguém discorda? Faça, de forma bem discreta, umas perguntas bem formuladas para os amigos que conheça de forma amistosa. Verá que estou coberto de razão, infelizmente...