Memória Curta
Em verdade, a Bíblia não é um livro de preparação ao outro mundo, mas sim para a vida presente boa, suportável e prática. A doutrina cristã é, em primeiro lugar, um guia para aconselhar a conservação da pureza do sangue, assim como o regulamento das relações dos indivíduos entre si. Existem estudos aprofundados sobre o valor ético do ensino da doutrina cristã; que não provêm de iniciativa dos cristãos. Do contrário, seriam habilmente adaptados ao fim visado. Do produto de educação religiosa, por si só, o próprio religioso é o seu melhor expoente. Em suma, a vida do crente se limita a ideia do pós-morte - sem saber que muitos já são mortos-vivos - e seu espírito conservou-se tão estranho ao verdadeiro Cristianismo quanto a sua mentalidade o foi há dois mil anos. Verdade é que Cristo não ocultava seus sentimentos relativos ao povo judeu; em certa emergência pegou até no chicote para enxotar do templo de Deus o adversário de todo espírito de humanidade que, outrora, como sempre na religião, só discernia um veículo para facilitar sua própria existência financeira. Por isso mesmo, aliás, é que Cristo foi crucificado. O atual cristianismo partidário também se rebaixa a mendigar votos nas eleições, procurando ajeitar combinações políticas com partidos de cristãos e ateístas e tudo isso em detrimento do próprio caráter nacional. Em uma seqüência lógica, amontoam-se sempre novas mentiras sobre a grande mentira inicial, a saber: que o cristainismo não é uma raça, mas uma religião. Tudo o que muitos cristãos de curta memória fazem acha-se aqui desvendado. Entretanto, a melhor crítica desse escrito é fornecida pela realidade. Quem examinar a evolução histórica do último século compreenderá também o clamor da verdade, pois no dia em que a mesma for conhecida de todo o povo, nesse dia estará evitado o perigo do cristianismo. Para bem conhecer o cristão, o melhor meio é estudar o caminho seguido por ele no seio dos outros povos e no decorrer dos séculos. Como a sua evolução cristã foi a mesma, como também os povos por ele devorados são os mesmos. Os primeiros cristãos vieram negociando e continuam negociando, inclusive a dignidade.