Ensaios e decepções
Ensaiei diversas palavras para te dizer, e jamais as direi, por serem palavras, eis o vento sorrateiro, a levá-las... quebra-se um vidro, e rompemos o laço, talvez se algum dia houve qualquer linha que nos unisse, por mais frágil e mal traçada que fosse. Pois tive algo na mente, eis ao me deparar com ele, o admirar, e por um rápido lance, o idolatrar. Ágil e sereno, tão simples, e tudo tão transparente, de mim maldito, e radiante. Por ora, o sol lhe estava a fazer companhia, e andava com ele; por outra, a lua, a abraçá-lo, pois era naqueles braços onde deixei guardadas as minhas vontades, ali sim eu queria estar. A desilusão a me dominar, já nem mais o vejo, mudou-se o homem, tornou-se um espectro, sombrio, triste, e como uma neblina apenas, sumiu... percorre pela minha face, outrora tão feliz, uma lágrima, deixando sua marca, rasgando, ferindo, sem saber de onde vem, e porquê. Do amargo e sujo mundo, insano sentimento, do ir e vir, repetidas vezes, persistindo, não mais o olhar, nem o permitir. Me deito nesta poça de mágoa, já indigesta, e a um desprezo, por me diminuir, conter esta minha fragilidade, me fazendo sentir tão pequenina, e chego até a me sentir invisível... vê, olha pra mim, mesmo expressando indiferença e incapacidade, ser algo além de um corpo com idéias decadentes e único a ponto de ser só. E esta minha necessidade de ter um amigo, a um custo, um cento, um conto. Um rosto risonho que se desfez mudando sua figura contorcida, emudecida, envolta no sóbrio. Estou só, e vivo assim, dependente de um eu tão diferente, distante. Do irreal.