LIVRE ARBÍTRIO E MANSIDÃO
Às vezes tenho a sensação de uma tensão entre livre arbítrio e circunstâncias limitantes, que são inerentes à condição humana. Ainda que, atualmente, a gente tem urticária e surtos de pânico quando se levanta a questão da dimensão moral da alma humana.
O livre arbítrio é intrínseco às escolhas morais, aquelas que estão bem dentro de nossa capacidade de controle e racionalidade. A moral gira em torno do que é mentira e do que é verdade. Todos os demais pecados ou condutas indesejáveis derivam da dicotomia entre verdade e dissimulação ou mentira.
Quanto às fatalidades, elas estão no âmbito das circunstâncias limitantes inerentes ao mundo material; e no que se refere à complexidade do mundo físico, nem sempre temos controle. Mas mesmo assim, a prudência pode evitar um monte de coisas, sendo que não há garantias a respeito para ninguém que esteja no mesmo barco, navegando na vida, como é preciso, mais que viver. E isso de navegar mais que viver tem um viés circunstancial, sujeito a fatalidades, que a todos atingem indistintamente. Logo, o mundo material, regido pelas leis da física, está sujeito às circunstâncias e fatalidades, enquanto aquilo que está circunscrito à determinação do indivíduo pode ser permeado pelo livre-arbítrio.
Vejamos: creio que nem mesmo tendo todo o mundo astral favorável a sua incolumidade, possa alguém estar mais seguro
que os demais (fatalidade) caso escolha (livre-arbítrio) viver perigosamente. E desde logo, não creio que livre arbítrio é um privilégio
apenas de poderosos e sábios, mas um atributo a todos accessível e apreciado pelos responsáveis e bondosos.
Afinal, os mansos não herdam a terra?