TODOS COM NARIZ DE PALAHAÇO

Sempre votamos com nariz de palhaço e antigamente com um nariz mais protuberante, pois não sabíamos muito bem que éramos palhaços, mas agora sabemos, entretanto nos portamos ainda como palhaços, pois nos deixamos levar pela opinião dos donos do circo, os mesmos que nos fizeram de palhaços durante os quinhentos anos anteriores e, vendo que nos afetamos fácil, combatendo-nos a nos mesmos por qualquer alarde, sem ver de que sirene vem o sinal, nos colocam contra os únicos que falam a nossa língua, a língua do povo.

Quem já viu os amiguinhos pondo os irmãozinhos a brigar sabe como é fácil separar um casal com intrigas alheias. Cria-se uma teia de intrigas, distorcendo os valores e as informações, usando verdades, meias-verdades e mentiras, de forma que as pessoas confundem os amigos com inimigos. Geralmente o que está a fim da mulher do outro focaliza muito os erros do marido para a esposa, apontando algumas verdades, embora nem tudo seja tanto como ele diz, mas a põe contra ele. Comparando melhor: é como dizer a uma criança que o lobo mau é melhor que seus pais porque eles a deixaram uma noite com a vizinha, ou porque falharam uma mamadeira, ou uma troca de fralda. Olha, nossos pais falham, mas nem por isto deixam de ser nossos pais e, às vezes, eles até cometem desatinos em nosso favor, coisa que os inimigos usam para desmerecê-los e tomar para si nossa simpatia.

Importa que saibamos quem são os amigos e quem são os inimigos. Todos falhamos, muitas vezes querendo acertar, mas as falhas dos inimigos são diferentes, eles jamais falam como o povo, apenas falam contra o povo e quando este se manifesta eles reprimem, taxando de baderneiros, ou de vagabundos, como disseram dos aposentados. Nosso país está depredado por causa dos quinhentos anos que temos confundido como amigos os inimigos do povo. Não vamos confundi-los novamente só porque dizem que nossos amigos falharam.

Os moralistas de agora nunca foram, não são e jamais serão amigos do povo, pois sua moral é falsa, sendo que suas mãos estão sujas com a miséria deste povo, dos quais eles roubam os salários. Eles sempre usaram o povo para os seus interesses, sempre exploraram sua mão-de-obra, sempre o reprimiram quando, engasgado, o povo manifestou seu repúdio e, além do mais, ainda colocam o povo contra o próprio povo.

A maior ironia de todas, porém, é quando dizem que o povo exerce o “direito” de escolher os governantes, mas, ao verem que este povo não mais se ilude com suas balelas, tentam impedi-lo de eleger seu representante legítimo através da força de meias verdades incrementadas de mentiras, apregoadas através do poder paquidérmico da mídia, ou através da força irresistível do poder judiciário, que é cego, defendendo a lei (quando ela está sendo manipulada em favor do interesses dos privilegiados) em prejuízo do povo.

Quem se sentir afetado que se jogue no colo deles para ver como são paternais e amigos, sendo que seguirão a explorar o pobre, sua mão-de-obra, sua liberdade, sua tolerância, como têm feito há quinhentos anos. Não é porque nosso irmão alguma vez ficou nos devendo que vamos levar os ladrões para casa, nem nos iludir que são bonzinhos aqueles que desde sempre exploram o povo, sendo que jogar-se no colo do inimigo é o que vejo o povo fazendo por causa de denúncias que nem foram provadas.

Wilson Amaral

Wilson do Amaral Escritor
Enviado por Wilson do Amaral Escritor em 26/09/2006
Reeditado em 26/09/2006
Código do texto: T249725