Sobre o amor

Sobre o amor

O que eu posso dizer do amor...

Não sei.

São tantas as classificações e comparações.

Sei dizer o que sinto?

Não. Talvez nunca possa realmente o que sinto.

Muita vezes eu mesmo pareço não me entender.

Me pego muitas vezes com a certeza que estou sempre pressupondo que sei dizer o que são as "coisas".

Nosso senso prático opera com sínteses, generalizações.

Assim são as práticas.

Assim são as práticas de viver e pensar o amor.

Mas, não é complexo esse amor?

Como, classificar? Como sintetizar o que é complexo?

Fazendo isso não há perdas?

Se há perdas, há como dizer o que é o amor?

Há como conceituar o amor nestes moldes?

Não vai faltar algo?

Não é complexo praticar o amor?

Porém, não parece assim...

Parece que é tão simples amar.

Assim, de repente, mais que de repente nos damos conta que estamos amando.

Mas, quando efetivamente começou?

Quando saiu do simples interesse? Quando saiu da vontade? Quando saiu do desejo e passou para ser amor?

Oras! Deixou de ser interesse? Deixou de ser vontade? Deixou de ser desejo?

Prescinde destes?

Se nos damos conta que em um determinado momento estamos amando, é porque temos certeza que ele existe, e se existe é porque é "feito" de algo, é porque temos uma linha sucessória de fatos, é porque teve princípio e tem fim.

Mas, você já viu algum amante dizer que o amor vai ter fim?

O amor, na "lógica" dos amantes, não tem fim. Não é "lógico " ter fim.

O amor só não se iguala a "Deus" porque teve princípio, tem uma espécie de meio... fim não. Os amantes não suportam nem a "idéia" de de pensar no fim. Padecem das piores "dores do amor" se praticar tal exercício.

Mas continuo me perguntando: há como explicar? Há como definir? Há como classificar e separar um interesse, uma vontade, um desejo do amor?

São todos para ser um? Todos é que formam esse um (amor)? Ou não? Não tem nada haver?

O que era que eu tava perguntando mesmo?

Ah! Era sobre o amor...

Sim o amor....

Mas o que é o amor? Tem realmente começo? Tem meio? Podemos mensurar, pesar, medir, quantificar? Dizer onde começa sua ponta? Há ponta?

Sim?

Se sim você pode demonstrar isso?

Não? Porque não? Então, porque diabos meu namorado me pede todos os dias para eu dizer o quanto eu o amo?

E se eu retruco dizendo: diga você o quanto você me ama. A resposta é sempre: te amo, muito, muito, muito, muito, muito, muito e etc, e etc e etc. Mas, quanto é esse muito?

Depois sempre completa com outra resposta: eu não vivo sem você meu amor.

Eu creio que ele deva "me amar muito" para ter a coragem de dizer que não vive sem mim. Porque nesta perspectiva eu devo ter a mesma importância vital que o sangue, que o oxigênio, que a água que bebe, que os alimentos. Mas o muito não me deixa claro uma coisa. Quanto ele me ama mesmo, a medida exata. Como ele sabe que há essa medida? Bom, não creio que tenha essa importância de elemento vital, mas entendo o que ele quer dizer e lhe 'tasco' um beijo cada vez que ele diz isso.

Mas, como ele sabe o que realmente é o amor? Onde ele aprendeu o que era o amor? Será que ensinaram para ele? Deram um conceito para ele? Ensinaram? E, isto se ensina? Deram uma referência? Há um referencial? Ninguém me ensinou. Ninguém definiu um conceito para mim. Ninguém me mostrou.

Se ele sabe baseado no que sente, eu me pergunto: Todo mundo se baseia apenas no que sente para dizer o que é o amor? Então, todo amor é diferente? Se sim, seria possível dizer o que danado é o amor? Se não, então, como sabes ele que é realmente o amor?

Mas quando questionada, eu digo que amo, muito, muito, muito, e de verdade. Se eu for discutir isto, se for questionar, e questionar tanto. Se disser a ele todas essas dúvidas e curiosidades, provavelmente, plantaria ali uma insegurança. Assim eu afastaria de perto de mim alguém que gosto tanto de beijar, de abraçar, de acompanhar, de dormir, de dançar, de sair, de cheirar, de curtir, de ajudar, e os outros DE que a vida me faz viver com ele.

Eu não sei dizer se o que se passa comigo, se este estado de coisa que estou sentindo é esse "tal" de amor. Não posso classificar, mensurar sem deixar algo escapar. Mas, posso dizer estas verdades acima citadas: que gosto de beijar ele e tenho preferência por esse beijo especificamente, que gosto de está com ele. Assim, quero deixar claro, que gosto de todas essas sensações que ele e só ele neste momento me faz sentir. Isto, não é o que importa? Para mim, sim. Se você necessitar classificar e quiser chamar isso de amor... então, diga que eu o amo!

Conceiça Santos
Enviado por Conceiça Santos em 02/09/2010
Reeditado em 02/09/2010
Código do texto: T2473526
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