Diálogo da solidão

Viva só, amor meu!... Alguns dias... Noites frias... Nas esquinas, de um dia de verão.
Cante alto...Arranhe o teto... Seja musgo...Seja afeto.
E o que faz do homem, vento?... São as batidas do peito... Lento mergulhar no que se agarra... Sair da estrada... Fluir o pensamento.
Sábio... Pobre... Uma mistura, chamada AMOR... O natalício jato de Recurso... O nascer absurdo.
Abrir as asas, anjo meu! Olha a volta das estrelas... O saber recolhido... Viver só é preciso.
E quem dita as regras do bem-viver?... A genealidade ou a pobreza?... O correr e bater de frente com o próprio NÃO, ou ouvir os sinos tão verdes?
Ah! O amável gosto do saber... O amante do que é louvável... Sem disputa de laços!
Assim, o saborear o maleável sentir, entre a genialidade e a ignorância... Sem ambos os assaltos... Saltos!
Viva só, amor meu!... Por alguns dias... Por semanas... Por um fio.
Mas, vejamos o lacre que crias... Ao roubar, do AMOR, a filosofia... Resta o saber da verdade... E todas as construções da maldade... Pobre AMOR, Genial AMOR. Metades!
Não, Amor meu... Não fundamentes as escolhas em puro breu... Argumente, em solo límpido... Em Olimpo!
Em aporia... Lançaríamos as noites frias... Deixemos à imensidão da vida o galopeio das pradarias... Viva só, amor meu, por alguns dias...
Olha o espelho da face... Apenas esse reflete os atos... Dialógicos atos... Esboços do que o futuro não conhece. O hoje!
Ah! Sinto tanto...Sinto muito por roubar as cortinas do teatro... De galgar alguns degraus... De solidificar o que é poeira...
Ah! Vida sorrateira... Sem eira, beira à cegueira... Lento glaucoma opcional.
Viva só, Amor meu!... Eros em leito de Afrodite... Concebido por Recurso e guardado em útero da Pobreza...


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