DISCURSO – FORMATURA 2010 - IV TURMA DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO - UNESP SOROCABA

UNESP SOROCABA

IV TURMA DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

DISCURSO – FORMATURA 2010

Ilustríssimo Paraninfo, Prof. Dr. Galdenoro Botura Jr, ilustríssimos membros de mesa solene, senhores professores, senhores pais, caros convidados e engenheiros presentes.

Colegas engenheiros. É assim que seremos chamados agora. É assim que seremos reconhecidos a partir de agora.

Houve um tempo, em que Controle servia para mudar o canal da televisão, HP era somente uma marca de impressoras e Bode era apenas um animal.

Neste mesmo tempo, era comum ouvirmos a pergunta: “O que você vai ser quando crescer?”. Médicos, dentistas, jogadores de futebol, bombeiros, super-heróis... Todas essas respostas eram bem recebidas, até o momento em que os pais escutaram: “Quero ser engenheiro”.

Por um momento, a cara de surpresa do pai, ou daquele tio engraçado tirando sarro pelo fato de haver um nerd enfiado por entre livros e fórmulas matemáticas, poderia nos desencorajar a seguir esta carreira, quando deveríamos nos preocupar mesmo é com a bronca de nossos pais, ao perceber que seus eletrodomésticos haviam sido desmontados ou desencaixados, apenas pela curiosidade de saber como funcionam.

Vocês pais, ou aqueles que consideramos como tais, muito nos deram ao longo desses vinte e poucos anos. Mas foi principalmente através de uma dessas coisas, que chegamos aqui: possibilitaram-nos o estudo. Uma missão que começou na pré-escola, quando o coração de vocês apertava ao nos deixar lá, naquele lugar desconhecido, e nos buscava somente ao final da manhã ou da tarde; depois, passamos juntos pelo ensino fundamental, pelo ensino médio, pelas tensões pré-vestibulares as quais enfrentaram e sofreram conosco; até enfrentar o desafio de morar em uma cidade desconhecida, em nos manter financeiramente e psicologicamente ao entrar em uma concorrida universidade pública.

Ao longo de toda esta jornada, vocês pais nos deram compreensão, apoio e, acima de tudo, caráter. E ao longo desses vinte e poucos anos, como nós retribuímos a vocês? Foi com o primeiro choro, o primeiro sorriso, as primeiras palavras, com a primeira malcriação, com o primeiro vaso quebrado e agora, com esta cerimônia.

Pais, olhem, por favor, para seu filhos; Sintam orgulho. Esse sentimento é de vocês. Filhos engenheiros, olhemos para os nossos pais: Mãe, obrigado por colocar a minha blusa por dentro da calça, e me pentear daquele jeito estranho. Mãe, obrigado por me lembrar mais de mil vezes para levar a blusa. Obrigado, mãe, por fazer comidas deliciosas. Pai, obrigado por ter me carregado no ombro, por ter feito cavalinho, por me ensinar a andar de bicicleta e a soltar pipas, por ter me emprestado o carro.

Pais, obrigado por se sacrificarem por nós e por terem nos ajudado a realizar nossos sonhos. Vocês fazem parte desta história.

Durante a faculdade, nossa vida foi tão simples quanto uma prova de cálculo do Steven. O café, antes considerado apenas uma bebida, tornou-se elemento tão importante quanto uma calculadora HP, ou, menos do que isso, oxigênio. Somente com este tão poderoso líquido foi possível enfrentar noites varadas de estudo para aquela prova de... daqui a pouco.

Estudar, estudar, estudar... para tirar quanto? “poxa filho, ficou com 5 de média em cálculo? Na minha época, a nota máxima era 10!”

Mal sabem os nossos pais o que passamos para conseguir as notas necessárias para as aprovações em cada disciplina. Conseguimos mais de 70 aprovações. Foram quase 300 créditos cursados... A cada semestre que passava, aquela rotina de estudos, madrugadas varadas, listas de exercícios e mais exercícios aumentavam...

Muitos de nós, em algum momento do curso, certamente pensaram em jogar tudo para o alto. Mas chegamos até aqui, à data de nossa colação. Vencemos batalhas, contra provas impossíveis, noites em claro e contra nós mesmos. Como? Por que?

Curiosidade. Palavra que move o engenheiro, assim como as palavras “como” e “por que”, ditas anteriormente. Encontrar os porquês, senão, determiná-los. Muitas vezes nos perguntamos: Se eu estudo Engenharia de Controle e Automação, para que servem os cálculos e as físicas? Foi só para nos treinar. Treinar a decifrar a realidade, para nos lembrar que não existe verdade absoluta, e acreditar que há sempre uma forma melhor e diferente de se fazerem as coisas.

Não deveríamos somente aprender os conceitos específicos, já que somos engenheiros, aptos a solucionar problemas, criar projetos e construí-los? Antes de colocarmos em prática para a sociedade apenas o que aprendemos em sala de aula, como um exato engenheiro, devemos nos lembrar que precisamos cada vez mais do engenheiro humano. Aquele que tem capacidade de raciocínio rápido e lógico, mas também sensibilidade social. Aquele que está preocupado com as pessoas, com o meio em que vive e que enxerga a engenharia como uma ferramenta para melhorá-lo, e não como uma egoísta fonte lucrativa. Assim é o engenheiro de controle e Automação formado pela Unesp de Sorocaba.

A partir de agora, estamos aptos a utilizar poderosas ferramentas adquiridas ao longo desses 5 anos para ajudar a construir um país e a determinar valores éticos e humanos, cada vez mais deixados em segundo plano. Máquinas substituirão os homens? Valores materiais substituirão os humanos? Para nós, engenheiros de controle e automação, quais são os limites entre um homem e um robô? Não sabemos ainda. O que tenho é a certeza de que cada colega engenheiro que aqui hoje se forma comigo, em sua vida profissional buscará aquilo que durante 5 anos uma família de sobrenome IV Turma de engenharia de controle e automação buscou: atingir o cume.

Continuemos fortes frente aos desafios, inalcançáveis frente às dificuldades, exemplos frente às pessoas que amamos, vencedores, de pensamento livre e sem limites. Humanos, simplesmente humanos.

Caros amigos, tornar-me engenheiro ao lado de vocês é uma honra.

Parabéns a todos nós.

Obrigado.

AC
Enviado por AC em 12/08/2010
Código do texto: T2434309