A proteção que nos fragiliza X A liberdade que exige sacrifícios
Mais um trecho do meu livro: "A Última Estrela", em que a protagonista Clara faz uma auto análise:
"Percebi que quando nos acomodamos a segurança de estarmos debaixo de asas maiores que as nossas, corremos o risco de lá ficarmos escondidos para sempre. Passamos a depender de porta-vozes e conselheiros, pois não aprendemos a tomar decisões por conta própria, assim nossos guardiões passam a frente dos nossos problemas a fim de resolvê-los de acordo com o que lhes parece melhor e nem sempre o melhor para eles é bom o suficiente para nós.
A situação se torna ainda mais lastimável quando, apesar daquela voz interior dizer: “Você não está feliz assim!”, continuamos a acatar as decisões alheias para a nossa vida, supondo que os outros conhecem mais sobre o mundo e, portanto, têm as respostas prontas e certeiras para todas as nossas questões. Deixamos de apenas respeitar e aprender com a sabedoria dos mais velhos enquanto recorremos as nossas próprias experiências, para, erroneamente nos tornarmos cópias frustradas de alguém. E saliento frustradas, porque não podemos encontrar a nossa felicidade individual seguindo o modelo de felicidade fabricado especificamente para outra pessoa. Se nossas vidas tivessem a forma de uma roupa, estou certa de que cada uma teria um tamanho especifico em que nenhum outro iria caber além do original para quem foi destinada.
Desta forma, tornei-me completamente medrosa, rodeada por uma insatisfação constante e pelo grito silencioso da alma que reclamava uma postura nova, contrária a esta forma de proteção que oprime e fragiliza seus protegidos. Felizmente atendi aos tais gritos e assumi o controle dos meus passos."