Fernanda explica.
Como marionete do presente, eu sigo ao destino na tentativa de apenas equilibrar conhecimento e fé.
Por trás de uma capa feita de madeira, eu vou escondendo o que move os fios da marionete: Meu coração.
Algumas circunstâncias revestiram a capa, com membrana e citoplasma. Outras a lixaram, fazendo tanta solidez em grossa espessura virarem pó - e, consequentemente, aproximando-se mais de tal área quase inacessível.
É como se eu tivesse ficado dias sob o ar condicionado com os olhos abertos. Meu sofrimento estagnou. Minhas lágrimas secaram.
Sinto-me andando ora ao lado, ora acima de um chorume que prolifera em um tempo-modernidade.
Romântica que fui, dispenso-me definitivamente de sentir, porque dispenso-me de mim individualmente.
Pensar não depende de sentir, porém de, talvez, algum sentido. E não tenho feito outra coisa menos manual, se não pensar.
Então, agora sim, vejo a grama toda tendendo à asfalto; todo o meu corpo resistindo ao cansaço; a tarefa da mente resumida apenas ao manual e sendo ela (a mente), para todo o resto, quase inteiramente falha.
Afinal, o coração, em si, tece algum trabalho? Ou ele cria o trabalho pra se tecer de alguma forma?
Se assim, como eu, vai cedendo a humanidade: Mal. Se assim cedesse apenas eu: Regular.
Ora ando ao lado do chorume, porque cultivo a modernidade. Ora acima, porque embora eu a espiritualize, é somente para ela o meu ódio. O meu insulto. A minha aversão.