Discurso na Casa de Portugal - S. Paulo, Brasil em 22 Abril 2006

Ex.mos Srs Directores da Casa de Portugal

Caros poetas e escritores, caros amigos:

O valor e o poder da palavra escrita que nos une nesta imensidão atlântica, através da língua falada por nossos ancestrais, num mar imenso que fala português, nos junta hoje aqui em três lançamentos cujos títulos expressam bem essa união.

Em todos os Cantos do Mundo há um português ou um brasileiro, que luta, trabalha, estuda e escreve.

O profundo carácter descobridor do português, que espalhou seu sangue e cultura pelos “Cantos do Mundo” e onde deixou toda a sua descendência, miscigenando-a a nível local, produziu grandes homens, grandes escritores, grandes mestres e... grandes nações.

Bordejando as “Margens do Atlântico” quer a norte quer a sul, quer a este quer a oeste, a nossa língua é elo de união entre “Dois Povos”, onde o “Destino” lhes é comum.

De Camões a Pessoa, num “mar português”, passando por João Cabral e Gilberto Freyre em “canaviais verdejantes do Recife”.

“A Bahia” do Jorge Amado, tudo onde uma língua nos une e em que o Brasil e Portugal têm “Um Destino” comum.

Pátria que acolheu portugueses, que aqui formaram riqueza, não só material mas acima de tudo cultural, Pátria que acolhe agora Brasileiros, que no outro lado do Atlântico buscam o seu bem estar material mas que acima de tudo levam a cultura brasileira, e onde através do seu suor e sangue provocam assim, mais uma miscigenação.

Que os nossos países nunca se isolem, pois isso seria fenecer, antes dêem as mãos a nível de governantes, para que através da língua possam criar “Um Destino” justo para os nossos povos.

O povo já começou, nós os escritores e poetas também.

Que os nossos “Dois Povos” saibam finalmente encontrar “Um Destino” digno.

Não nos podemos esquecer de outra grande pátria que nasceu aqui neste continente, vinda de outro grande povo, Espanha.

A inclusão de poetas argentinos em Dois Povos – Um Destino vem-nos mostrar uma vez mais o poder da palavra escrita e como a união é possível através dos povos.

Argentina, pátria com fronteiras com o Brasil.

Espanha, pátria com fronteiras com Portugal.

Que vêm da mesma língua latina. Pátrias que não podemos esquecer e cujos povos construíram este admirável Mundo Novo.

Antes de continuar o meu discurso, quero aqui relembrar um grande poeta que nos deixou e deixou também o Grupo Ecos da Poesia mais pobre e triste: o poeta brasileiro Valeriano Luiz da Silva.

Homem íntegro e profundamente espiritual, um verdadeiro homem, que amava a sua família e que nos tinha a nós, por acréscimo, no seu amor e amizade. Deus o chamou no dia 20 de Fevereiro de 2006 deixando-nos a todos inconsoláveis. Para ele e por ele, peço neste momento um minuto de silêncio.

Quero agora dar as boas-vindas a todos os poetas, escritores e amigos presentes.

De uma maneira ou de outra, todos nos conhecemos, diria mesmo que profundamente, e este encontro é a realização dos sonhos de cada um de nós.

Nem Guttenberg previu a força do livro e o quanto ele se insere socialmente nas nossas vidas, como meio de divulgação, ensino, etc. e a quem a poderosa Internet, até hoje, não conseguiu destronar.

Um livro é algo físico que nos acompanha, e se parte da nossa alma estiver inserida nesse livro a felicidade torna-se perene.

Todos vós que aqui estão, estão-no porque amam, amam esse aglomerado de papel que se chama livro e, também, porque amam a poesia, os poetas, os escritores.

Mas nada disso seria possível sem a abnegação e o quanto sacrifício de algumas pessoas que lutam por nos oferecer o livro a preços baixíssimos, tanto para o leitor como para o autor, e ainda por cima para nos oferecerem soberbos lançamentos como este aqui e agora.

É preciso amar e amar muito as letras, é preciso amar e amar muito os autores, para que eles façam esse grande sacrifício.

Quem como eu acompanhou ao longo destes meses a edição destes livros sabe do que falo.

Por isso, quero deixar aqui neste momento um bem-haja a um homem e a sua esposa que, com sacrifício e abnegação, tornaram realidade os nossos sonhos.

Bem hajam Celso Brasil e Zeni Brasil.

A edição do livro “Dois Povos-Um Destino” também não teria sido possível sem a ajuda da poeta e minha esposa Mercedes Pordeus. E cabe aqui, nesta hora, agradecer a outra grande poeta que me tem substituído integralmente no apoio aos poetas, a nível de grupo, Carmo Vasconcelos, de Portugal, que fica muitas vezes presente até às quatro da manhã, hora de Portugal, dando-lhes apoio.

Para a Lenya Terra fica também aqui um agradecimento, pois embora seja nova no Grupo Ecos da Poesia tem ajudado e apoiado o grupo

Hoje também é um dia muito especial. A presença de uma grande comunidade luso-brasileira, que promove encontros de amizade, não só no Brasil como em Portugal, uma comunidade onde a palavra escrita através da poesia é uma realidade e de onde têm saído grandes poetas, que hoje estão presentes no livro “Dois Povos-Um Destino”, e cuja grande animadora, a poeta e escritora Rosa Maria Dias, tem sido a mentora e a força das cerca de 2000 pessoas que compõem este grande grupo.

Para ela, Rosa Maria Dias, ficam hoje aqui os meus parabéns pela passagem do seu aniversário e igualmente os parabéns por, tão longe e sem nunca ter estado presente fisicamente, conseguir impulsionar tanta gente tendo por base a amizade.

É para a sua representante que eu vou agora passar a palavra.

A todos os presentes aqui e agora, aos ausentes que gostariam de ter vindo mas não puderam, fica aqui o meu bem-haja.

São Paulo, 22 de Abril de 2006

Victor Jerónimo

Discurso no lançamento das antologias Dois Povos – Um Destino, organização Grupo Ecos da Poesia http://ecosdapoesia.net assim como das antologias Margens do Atlântico e Canto do Mundo edição ABRALI, na Casa de Portugal em S. Paulo/Brasil no dia 22 de Abril de 2006

Victor Jerónimo
Enviado por Victor Jerónimo em 26/08/2006
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